Bolsas para pesquisas não contemplam a demanda

Realizar pesquisas no Brasil não é uma tarefa fácil. Existem diversas entidades de fomento, mas as bolsas oferecidas por elas costumam não ser suficientes para atender toda a demanda.

Em nível nacional, as pesquisas geralmente acontecem com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia. No Paraná, existe a Fundação Araucária e a Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF). "As dificuldades existem e dependem muito da área e do nível de pesquisa", comenta o coordenador de pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Josuê Bruginski. "Existem quatorze fundos setoriais do governo federal (criados no ano de 1999) que recebem parte dos impostos pagos pelas empresas e destinam esse dinheiro para pesquisas. Porém, nas áreas em que o fundo é inexistente, como Medicina, conseguir verba é mais complicado."

Atualmente, na Universidade Federal do Paraná (UFPR) existem cerca de 6 mil projetos de pesquisa sendo desenvolvidos por conjuntos de pesquisadores. Segundo o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Nivaldo Rizzi, e o coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, Paulo de Tarso, as dificuldades para que pesquisas sejam desenvolvidas nas universidades públicas vão além da quantidade insuficiente de bolsas oferecidas pelas entidades oficiais. Eles explicam que a UFPR considera a pesquisa um componente de formação de seus alunos e mantém programas próprios de apoio, que envolvem auxílio na participação em eventos e concessão de bolsas de iniciação científica. "Porém, a dificuldade de pesquisa muitas vezes é gerada pela falta de investimentos na infra-estrutura de laboratórios e em recursos humanos, o que possibilitaria aumento na capacidade de orientação proporcionada por professores e técnicos."

Na PUCPR, que oferece 94 bolsas próprias para graduação, muitas dificuldades são geradas pela exclusão de instituições privadas em alguns dos editais lançados pelas entidades de fomento. Segundo Josuê, muitas vezes as universidades particulares só podem participar dos projetos como colaboradoras, não sendo as âncoras dos mesmos. "Os órgãos de fomento não tratam as instituições privadas com igualdade. Muitos editais já nascem fechados a nós", declara.

Depois que as pesquisas começam a ser desenvolvidas, o desafio é conseguir fazê-las sair do papel. O professor de mestrado em informática da PUCPR Carlos Maziero – que é líder do grupo de pesquisa de sistemas distribuídos na instituição – revela que para o meio produtivo brasileiro ainda é mais fácil importar uma solução pronta do que investir no desenvolvimento de outra. "Isso vai demorar para deixar de acontecer, pois nosso mercado ainda não é globalizado", explica. De acordo com Carlos, uma pesquisa precisa de tempo para amadurecer. Por isso, é preciso que ela seja apartidária (não sendo suspensa com mudanças de governo) e realizada em prol do desenvolvimento da nação. 

Voltar ao topo