Impasse no busão

Bafômetro para motoristas de ônibus gera a maior polêmica

Motoristas de ônibus podem ser obrigados a fazer o teste do bafômetro todos os dias, antes do expediente. Projeto de lei com a determinação foi acatado pela Comissão de Legislação da Câmara de Curitiba e deve ir a plenário nas próximas semanas. A proposta, do vereador Paulo Rink (PPS), enfrenta resistência do sindicato da categoria e causa polêmica entre os profissionais.

Se aprovada, os exames de dosagem de alcoolemia, realizados com o bafômetro, deverão ser aplicados diariamente em todos os motoristas que trabalham na Rede Integrada de Transporte (RIT) da região metropolitana. O teste seria feito ainda nas garagens, no início da jornada de trabalho e, esporadicamente, no final. A responsabilidade pela aplicação dos exames será das empresas de ônibus.

Marco André Lima
Rink: evitar acidentes.

Segundo Paulo Rink, a ideia é evitar acidentes causados por uso de álcool. “São motoristas profissionais, responsáveis pela segurança de grande parte da população e devem ter acompanhamento especial. Assim como eu, quando era jogador profissional, tinha que fazer os exames antidoping”, afirma o vereador, que fez sucesso como centroavante do Atlético Paranaense nos anos 90.

Constrangimento

O Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc) já se manifestou contrário à medida. “Este projeto de lei só marginaliza e constrange o motorista de ônibus. Não há registros que esses profissionais tenham sido flagrados nos últimos cinco anos em plena atividade profissional sob efeito de bebida alcoólica, em acidentes de trânsito ou não”, diz nota assinada pelo presidente da entidade, Anderson Teixeira.

Opiniões estão divididas

O Paraná Online foi até a Praça Rui Barbosa ouvir a opinião dos motoristas, que se mostraram divididos. “Eu acho que é legal. Não me incomodo em fazer e acho que é bom para a categoria. Cada um se responsabiliza pelos seus atos e o erro de um não será pago pelos outros”, diz Valdir Martins, que trabalha há 23 anos como motorista do transporte coletivo.

Já Daniel Kaiser, que dirige ônibus há três anos, teme pelo constrangimento. “Para mim não faz diferença, porque não bebo. Mas se tiver que fazer o exame na rua, na frente dos passageiros, será muito constrangedor. Pode até ser uma boa, mas é preciso avaliar bem como isso será aplicado”, afirma.