Atraso na ponte do Capivari gera protesto

Para protestar contra a demora na reconstrução da ponte sobre a represa do Capivari, na Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Fetranspar) e a Federação Nacional dos Caminhoneiros Autônomos (Fenacam) cantaram parabéns e distribuíram bolo de aniversário aos caminhoneiros, lembrando que ontem fez um ano que a ponte desabou e ainda continua interditada. Segundo o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), o tráfego vai voltar ao normal no final de fevereiro.

O presidente da Fetranspar, Luiz Anselmo Trombini, disse que a comemoração era um ato irônico para criticar a forma como o governo federal vem tratando a recuperação da ponte, que liga o restante do País à região Sul e aos países que fazem parte do Mercosul. "Queremos fazer o governo acordar. O descaso com a infra-estrutura é muito grande. A promessa era de que ficaria pronta para agosto do ano passado", declara.

Trombini também duvida que as obras fiquem prontas até o fim do mês que vem, como prevê o DNIT. "Tem pouca gente trabalhando aqui: pouco mais de 10 pessoas", dispara. Mas as críticas não param por aqui. De acordo com Trombini, o Brasil perde por ano cerca de R$ 80 bilhões por não ter infra-estrutura de transporte adequada. Avalia que, só para recuperar as estradas, o País teria que investir até R$ 40 bilhões. Afirma também que dinheiro para isso existe: há três anos foi criada a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) e já foram arrecadados mais de R$ 30 bilhões. "Mas o dinheiro tem sido aplicado em outras áreas", reclama.

Já o supervisor da unidade local da 9.ª Unidade de Infra-estrutura Terrestre (UNIT), órgão ligado ao DNIT, Ronaldo de Almeida Jares, não vê motivos para a manifestação. Disse que a urgência da obra foi decretada em agosto, dispensando o processo de licitação, e até agora todo o cronograma da obra foi cumprido. Ele prevê que até a metade de fevereiro a ponte esteja toda concretada, mas ela só vai ser liberada para o tráfego no início de março. "É o tempo que leva para a cura do concreto, processo de secagem para que o material atinja estabilidade e resistência", explica.

Jares lembra ainda que a reconstrução não começou antes porque precisaram ser feitas várias obras no local, como a estabilização do maciço que sustenta a ponte que caiu. Ela também comprometia a estabilidade da outra ponte, que acabou recebendo todo o tráfego. Também foram instaladas balanças para pesagem dos caminhões e reforço na estrutura da ponte que esta sendo usada, além de estudos técnicos sobre o solo do local. "Não era tão simples e só chegar e construir de volta", reforça. Segundo ele, 120 homens trabalham diretamente no local. "Só foi visto quem estava em cima da ponte e não os outros", argumenta.

Enquanto isso, os caminhoneiros tem pressa. "Acho o protesto bom. A ponte tem que ser liberada logo. Nos fins de semana há congestionamentos e o risco de acidentes é grande", comenta o motorista Ronaldo Linnech, da cidade catarinense de Jaraguá do Sul.

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