As estantes do Arquivo Público do Paraná guardam e protegem parte relevante da história do estado. Para quem quer conquistar outra cidadania, os documentos podem ganhar uma importância ainda maior. Vinculada à Secretaria da Administração e da Previdência do Estado, a instituição tem mais de 200 mil documentos sobre imigrantes, a maioria digitalizados.

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Cerca de 90% dos atendimentos mensais se referem à busca por certidões para processos de reconhecimento de dupla cidadania, já que eles dependem de comprovação da relação de parentesco.

Como procurar antepassados no Arquivo Público do Paraná

Caso o cidadão precise de documentos para comprovar parentesco e buscar o direito à cidadania de outro país, é possível pesquisar o sobrenome da família no site do Arquivo Público para saber se há algum registro de entrada no Paraná, de algum antepassado seu.

Caso o sobrenome esteja registrado, constará no site o número do livro e da página, então é necessário apenas mandar e-mail para consultasai@seap.pr.gov.br, solicitando cópia desse registro, podendo solicitar também certidão comprobatória para robustecer a documentação a ser encaminhada ao consulado. 

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Caso essa busca não traga resultados, é possível pedir uma pesquisa adicional em outros fundos documentais do Arquivo, cujo acesso é aberto ao público e gratuito, com necessidade de agendamento pelo telefone (41) 3521-9100.

Para Fabiane Bergmann, diretora do Arquivo Público do Paraná, o valor dos registros e o resgate de identidades e de laços com os países dos antepassados cria um senso de pertencimento. “Preservar livros com os registros de imigrantes não é só preservar esses documentos comprobatórios, é contar a história de vidas, é resgatar a identidade, as raízes de famílias, é poder proporcionar o sentimento de pertencimento ao país de origem, estreitando os laços com os antepassados. Marcando o início de histórias que se entrelaçam com outras tantas e com a construção do Paraná”, diz.

Acervo Público do Paraná é o segundo mais antigo do Brasil

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O acervo do Arquivo Público do Paraná, que é o segundo mais antigo do Brasil, conta com registros de desembarque de imigrantes no Porto de Paranaguá, no Litoral, desde o século XIX, além de outros que comprovam a entrada em hospedarias e colônias instaladas.

O primeiro grande grupo de europeus que chegou ao Paraná era formado por alemães, em 1829. Influentes na arquitetura, agricultura e comércio, os germânicos se instalaram na região de Rio Negro. Hoje, também há forte presença alemã em cidades como Rolândia, Marechal Cândido Rondon e Guarapuava, além da tradicional Colônia Witmarsum, em Palmeira.

Os poloneses, por sua vez, chegaram ao Paraná a partir de 1871, estabelecendo-se, principalmente, onde hoje ficam os bairros Pilarzinho e Abranches, em Curitiba, em Araucária e São José dos Pinhais, na Região Metropolitana (RMC), e em Prudentópolis, Centro-Sul.

Ainda na década de 1870 os italianos começaram a aportar. Estima-se que quase 40% da população paranaense têm ascendentes nascidos no país da bota, o que ajuda a explicar, em parte, os 68.841 reconhecimentos de cidadania italiana por parte de brasileiros em 2024. Cidades como Colombo e Campo Largo, além do bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, ilustram a forte influência da população.

Quando os ucranianos começaram a chegar, em 1891, talvez não tivessem noção do tamanho da influência que causariam na nova terra. Somente em Prudentópolis, por exemplo, 75% da população descende destes imigrantes, que aqui fundaram cooperativas – uma das forças econômicas do Paraná – além de indústrias de moagem de grãos.

Já a história da imigração japonesa começa em 1917, com a fundação da Colônia Cacatu, em Antonina. Desde que o Japão se abriu ao comércio internacional depois de 200 anos de isolamento, no fim do século XIX, iniciativas conjuntas entre os governos passaram a permitir ações como a chegada do vapor Kasato-maru, em Santos (SP), com os primeiros 781 emigrantes japoneses. No Paraná, a presença e a influência nipônica são percebidas em cidades como Curitiba, Assaí – cujo nome aliás faz menção à expressão “sol nascente” –, Jacarezinho, Maringá e Londrina.

Outros grupos fundamentais na formação do povo paranaense incluem povos originários, sírios, libaneses e pessoas oriundas de diversos pontos do continente africano.