Área de conflito com o MST é alvo de incêndio

Um incêndio atingiu ontem pela manhã a fazenda Coqueiro, de propriedade da empresa Trombini Florestal S/A, no município de Foz do Jordão, região Centro-Sul do Paraná, a aproximadamente 340 quilômetros de Curitiba. Os focos foram identificados por volta das 8h, e até o final da tarde ainda estavam sendo contidos pelo Corpo de Bombeiros de Guarapuava e por trabalhadores da empresa e da Prefeitura Municipal.

A empresa Trombini tem matriz na cidade de Fraiburgo, em Santa Catarina. A filial de Foz do Jordão fica concentrada numa área de 1,5 mil alqueires, entre reservas legais, área de preservação ambiental e área de reflorestamento de pinus, onde foi detectado o incêndio. A fazenda fica nas proximidades da PR-662. De acordo com o CB de Guarapuava, o incêndio foi controlado no meio da tarde, mas os bombeiros iriam permanecer no local para evitar que qualquer outro foco aparecesse. O CB ainda estava aguardando um relatório dos soldados que participaram da ação, para divulgar a área total atingida pelo fogo.

Fernando Volpateo, gerente da Trombini, informou que pequenos princípios de incêndio vinham sendo detectados na localidade desde o final de agosto, época de seca na região. No entanto, todos eles foram combatidos sem dificuldade, diferente dos focos constatados ontem pela manhã. Ele afirmou que a quantidade de focos de incêndio foi muito grande.

Fernando também revelou que, desde a semana passada, foram feitas algumas ameaças anônimas de pessoas dizendo ser integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). De acordo com o gerente, a empresa entrou em contato com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) para que o Estado pudesse apurar os fatos. “É estranho, porque logo após as ameaças, surgiram os grandes focos espalhados pela fazenda. Não podemos afirmar nada sem provas, mas nas ameaças eles diziam ser do MST”, lembrou Fernando. “O fogo na fazenda ficou muito tempo fora de controle, e o prejuízo deverá ser enorme.” A área de reflorestamento está avaliada em R$ 10 milhões.

A assessoria da Sesp ainda não se manifestou sobre o assunto. A reportagem de O Estado também entrou em contato com a coordenação estadual do MST, mas não obteve resposta.

Área de conflito

Na última sexta-feira, completou um ano o confronto entre integrantes do MST e seguranças da empresa, que causou a morte de um trabalhador na região. O sem terra Paulo Sérgio Brasil, 36 anos, levou tiros durante a ação e acabou morrendo. Outro integrante do MST, Anaro Lino Vial, foi internado com ferimentos graves e também morreu dias depois. Outras pessoas ficaram feridas após o confronto. Até o momento, o inquérito sobre o caso não foi finalizado.

No dia 13 de julho, em uma manifestação, cerca de 80 famílias bloquearam a PR-662 entre Foz do Jordão e Reserva do Iguaçu por mais de cinco horas. Eles pressionaram o Instituto Nacional de Colonização Agrária (Incra-PR), para acelerar o processo de assentamento na fazenda Coqueiro. Além disso, os integrantes do MST queriam que as investigações sobre as mortes dos sem terra fossem agilizadas. Depois das 14h, o tráfego no local voltou ao normal.

Voltar ao topo