Alunos desistem de tentar a UFPR

Grande parte dos alunos de escolas públicas nem chegam almejar uma vaga na Universidade Federal do Paraná (UFPR). A baixa qualidade do ensino faz com que eles desistam de tentar o vestibular mais concorrido do Estado. Este é um dos resultados que a pesquisa feita para a tese de doutorado da professora Miriam Sester Retorta, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), vem mostrando.

Miriam está pesquisando a influência que o vestibular da UFPR tem sobre o ensino da língua inglesa nas escolas públicas, particulares e cursos pré-vestibular. É o chamado efeito retroativo muito estudado em outros países, mas no Brasil só ela e a sua orientadora se dedicam ao assunto. Segundo Miriam, a pesquisa feita com alunos da rede pública mostra que eles não se sentem preparados para enfrentar a concorrência e acabam desistindo. Para a professora, que leciona para o ensino médio no Centro Federal de Educação (Cefet), a falta de investimentos em infra-estrutura, capacitação continuada e salários de professores acabam deixando o ensino público deficitário. “Nas escolas públicas os professores fazem o que podem para dar mais qualidade ao ensino”, enfatiza.

Miriam explica que na rede pública de ensino há poucos reflexos do vestibular sobre o ensino da língua estrangeira e consequentemente de outras matérias. Já as escolas particulares escolhem a metodologia, livros e professores pensando em preparar os alunos para a disputa. O vestibular chega a influenciar mais do que os próprios parâmetros curriculares nacionais. Para Miriam, o ensino público precisa com urgência melhorar a qualidade porque os alunos carentes que não conseguem entrar na universidade pública, não têm outra chance.

Nova metodologia

A professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), Marilda Aparecida Behrens, fala que até o ensino fundamental nas escolas particulares desenvolvem seu trabalho procurando despertar o espírito crítico. Já no ensino médio elas enchem os alunos com fórmulas, com o único objetivo de passar no vestibular.

Desde 1999, a PUC adotou uma nova metodologia para a formação de professores. Nela, os futuros educadores são preparados para um ensino mais crítico. Passa a levantar problemas que afligem a comunidade onde atuam, desenvolvendo projetos e encontrando com os alunos meios de mudar a realidade. Marilda frisa que o objetivo é formar cidadãos, pessoas mais humanas, mas sem perder de vista o desenvolvimento acadêmico.

Termina hoje o III Congresso Nacional de Educação coordenado por Marilda, e pelas professora Sirlei T. Filipak e Romilda Teodora Ens. Nele, professoras e alunos mostram as pesquisas e experiências obtidas depois que a instituição passou a adotar a nova metodologia.

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