Altos preços não esfriam as vendas de chocolate

Era pouco mais de 8h de ontem e as lojas que vendiam chocolates já estavam cheias em CuritIba. Nem a chuva e o frio, registrados ontem pela manhã, intimidaram os consumidores que se acotovelavam nos corredores para escolher os produtos. A desculpa da maioria para deixar as compras para a última hora foi a falta de tempo. Mas teve gente que disse que estava fazendo pesquisa de preços, e no final, valeu à pena.

É o caso do segurança Antônio Carlos do Santos, que conseguiu economizar R$ 15 deixando para comprar os chocolates na véspera da Páscoa. “Há uma semana estava mais caro, e hoje eles reduziram um pouco os preços para poder vender”, afirmou. Com a diferença, Antônio Carlos pode levar mais um produto e disse que nenhuma das sete crianças em casa ficará sem o presente.

Mas nem todos terão a mesma sorte. A autônoma Beatriz Aparecida da Silva, diz que só comprou chocolates para quatro crianças. “Eu precisava levar para oito crianças, contando com os afilhados. Mas este ano só meus filhos vão ganhar”, disse.

E o preço dos chocolate -que este ano está em média 30% mais caro que no ano passado – também fez as irmãs Silvia e Silvana Silvério reduzirem a lista de presentes. Mesmo com o carrinho cheio de bombons, elas disseram que na hora de passar no caixa para pagar as compras muita coisa ainda poderia ser cortada.

Para satisfazer o filho Gabriel, de 6 anos, o laboratorista Silvério Trzaskos usou a tática de compensação. “Ele queria levar um ovo bem caro. Daí expliquei para ele que escolhendo um mais barato poderia ganhar dois ovos, e ele aceitou”, disse. Para Silvério os preços também estão sendo um limitador na hora das compras, mas como precisa manter a tradição, vai ter que gastar um dinheiro a mais nos presentes. “Deixei para o último dia, e como não tenho mais tempo para percorrer as lojas, vou acabar comprando em um lugar só e pagar um pouco mais caro pela comodidade”, afirmou.

Indústrias faturam mais

E a chiadeira do consumidores já havia sido anunciada pelas indústrias. Em função da alto no dólar, os preços médios dos ovos de Páscoa ficaram cerca de 30% mais caros do que o ano passado. E além de pagar mais caro, o consumidor levou para casa produtos menores. Essa foi a forma encontrada pela indústria para manter a produção nos mesmos níveis de 2002. O Sindicato da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Sicab) estimou para este ano uma produção de 18 mil toneladas de ovos, contra 18,6 mil toneladas do ano passado. Porém o faturamento deverá saltar de R$ 360 milhões para R$ 480 milhões.

Colônia polonesa mantém a tradição

A colônia polonesa de Curitiba realizou ontem o ritual da swieconka – benção dos alimentos -, que marca a celebração da Páscoa. A tradição é milenar e simboliza o agradecimento a Deus pelos alimentos, que são fontes de vida e transformação. As atividades da swieconka aconteceram no Bosque João Paulo II -onde está instalado o Memorial da Imigração Polonesa no Brasil -, e seguem hoje com exposição de produtos típicos e apresentações culturais.

Segundo explica Danuta Lisicki Abreu, os descendentes de poloneses em várias partes do mundo repetem o ritual todos os anos como forma de manter a cultura. Em uma cesta, são dispostos vários produtos que possuem uma simbologia especial: a broa (feita de trigo ou centeio que representa o pão de cada dia), a babka (espécie de panetone feito com 24 ovos e fermento), o laticínios (derivados de leite simbolizando os animais), carne defumada, ovos cozidos (que simbolizam a genética e continuidade), frutas, além de sal, pimenta, crem, mel e um carneiro feito de manteiga, açúcar ou massa.

“Depois de bento, os alimentos são partilhados entre a família na primeira refeição matinal após a ressurreição de Jesus Cristo, por volta das 6h de domingo”, explica Danuta. O patriarca da família é quem faz a distribuição, principalmente do ovo, que simboliza a manutenção da tradição e união da família. Após o ritual, é liberado o consumo de carnes e bebidas alcóolicas, que não foram consumidos por quarenta dias durante o jejum da Quaresma. (Rosângela Oliveira)

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