Dia de Filas e queixas

Agências ficaram cheias após greve de 23 dias dos bancários

O primeiro dia de trabalho dos bancários de Curitiba e região após 23 dias de greve foi marcado por agências movimentadas e muita reclamação de clientes. A bronca maior vinha dos aposentados, pensionistas e beneficiários, que durante a paralisação não conseguiram receber seus salários e auxílios. As agências da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Itaú tiveram movimento acima do normal. Até amanhã, as unidades da Caixa abrirão às 9h.

A agência do Itaú na esquina das Marechais era uma das mais movimentadas. Logo nas primeiras horas da manhã a fila começou a se formar. A aposentada Marilda Guidolina aguardava para tentar receber a pensão do marido. “Durante a greve só demos com a porta na cara e agora que reabriu vamos tentar receber o que nos é de direito. Tivemos que nos virar e agora vamos tentar pagar as contas sem os juros e tudo mais”.

Reclamações

Na mesma fila estava a dona de casa Valdirene Santos Cordeiro. Ela foi receber o auxílio-maternidade, que deveria ter sido pago no dia 7. “Todas as contas desse mês estão atrasadas e tive até que fazer uns bicos de diarista para coseguir colocar comida na mesa”, reclama.

A aposentada Natalina Belo também aguardava ansiosamente a abertura da agência para tentar conversar com o gerente sobre os juros cobrados durante a paralisação. “Estou com um monte de contas atrasadas. Agora vamos ver como vamos fazer para que isso seja recalculado. Não é justo pagar por uma coisa que não foi culpa nossa”.

Seus direitos

Todo e qualquer problema relacionado às cobranças indevidas geradas pela greve dos bancários deve ser formalizado e comunicado aos órgãos competentes. “O primeiro passo é ir à ouvidoria do próprio banco e do Conselho Monetário Nacional. É importante que as instituições sejam comunicadas sobre o problema. Depois, se nada acontecer, o cliente deve procurar o Procon ou até a Justiça para buscar seus direitos”, orienta Luciano Duarte Peres, presidente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Bancário.

Ele não acredita que os bancos descontem juros referentes aos dias de greve. “Como se tratou de greve dos bancários e não das instituições, e pelo histórico de comportamento dos bancos, não acredito que os casos serão revistos. O cliente precisa reclamar para não ser cobrado”, alerta. O Procon-PR confirmou filas e tempo de espera superior ao máximo de 20 minutos previsto em lei.