Pesquisa

28% dos caminhoneiros do Paraná buscam sexo em estradas

Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB) quantificou uma realidade vivida nas estradas pelos caminhoneiros brasileiros: 72% dos 250 motoristas entrevistados admitiram buscar sexo nas rodovias. A pesquisa foi feita em Rondônia, mas abordou caminhoneiros do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. No Paraná, 28% dos 42 entrevistados disseram procurar sexo nas estradas.

A pesquisa foi desenvolvida pelo professor Elias Marcelino da Rocha, que tinha como objetivo realizar seu trabalho de mestrado. Todos os caminhoneiros foram entrevistados em Rondônia pelo próprio docente e também com a ajuda de alguns alunos do curso de Enfermagem. Além de constatar que grande maioria desses motoristas buscam sexo na estrada, uma grande porcentagem deles – 94% – afirmou usar preservativo nas relações sexuais. Esses dados mais específicos não foram tabulados para todos os estados, segundo o professor, mas juntamente com os números gerais.

Na opinião de Rocha, não é surpreendente o fato de que a maioria deles afirmou procurar sexo nas estradas, afinal, passam a maior parte do tempo nestes locais. O que preocupa, segundo o professor, é o risco deles contraírem doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Segundo Rocha, o fato deles terem afirmado que se cuidam na hora do sexo não significa que não estejam vulneráveis a estas doenças. “Temos sempre que analisar se eles estão utilizando este preservativo de maneira correta. Se eles só colocam a camisinha no momento da penetração podem estar correndo o risco de pegar alguma doença até nas preliminares ao sexo”, comentou o professor.

Um reflexo disso é que 26% dos entrevistados disseram já ter sofrido com alguma doença venérea. 72% pegaram gonorreia, uma doença contagiosa causada por bactérias. Essa doença pode ser contraída pela boca, por exemplo, e não somente com o ato sexual.

O presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens no Estado do Paraná (Sindicam – PR), Diumar Bueno, admite que os caminhoneiros são mais vulneráveis às doenças venéreas, até pelas circunstâncias da estrada. Ele também afirma que ainda existe algum desconhecimento sobre prevenção, mas que em todas as oportunidades as orientações são repassadas aos caminhoneiros. “Creio que temos que sempre aproveitar essas oportunidades e orientá-los. Mas acho que hoje o desconhecimento é maior por parte dos motoristas com mais idade, os mais jovens se previnem”, comentou.

Programa orienta motoristas

Arquivo
Segundo o estudo, motoristas de quatro estados foram entrevistados.

Depois da pesquisa, o professor Elias Marcelino da Rocha resolveu criar o programa Viva Bem Caminhoneiro, que tem como objetivo orientar motoristas em postos de gasolina, duas vezes por semana, em Rondônia. Em todo o País, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) realiza os Comandos de Saúde nas estradas. A idéia central dos comandos é levantar fatores que interfiram no ato de dirigir do motorista e provoquem acidentes, como doenças que podem resultar em sonolência ou paradas cardíacas, ou ainda o uso incorreto de medicamentos.

Entretanto, o médico da PRF especialista em Medicina de Tráfego, Joseph Kayal, explica que durante as abordagens os profissionais também alertam os caminhoneiros sobre o sexo seguro. “Sabemos que a estrada é um convite às aventuras extraconjugais. Por isso orientamos sobre o uso da camisinha e do comprimido anticoncepcional. Já perdi uma paciente do sexo feminino de apenas 22 anos, com sífilis.

Uma doença dessas, que parece simples, não é”, alertou. Entre as doenças mais comuns entre caminhoneiros estão a hipertensão e a diabetes. Já os hábitos d,esses motoristas que são condenados por Kayal são a automedicação – entre os remédios usados que causam perigo para os reflexos estão os relaxantes musculares e o rebite, o alcoolismo, a alimentação desequilibrada e a falta de repouso.