Paraguai quer ampliar relações comerciais com o Brasil

O acordo assinado há uma semana para resolver problemas na Ponte da Amizade é o
primeiro passo de uma política paraguaia para se aproximar do Brasil. O Paraguai
planeja, em breve, ampliar as relações comerciais com o país vizinho e também
integrante do Mercosul. "Hoje, exportamos mais produtos para a Argentina do que
para o Brasil", alerta o embaixador do Paraguai no Brasil, Luis Gonzáles Arias.
"O acordo foi um passo significativo. É a primeira vez que autoridades dos dois
países sentam para trabalhar juntas. O verdadeiro desenvolvimento virá quando
trabalharmos em um ambiente seguro."

Pelo documento assinado há uma
semana, os dois países se comprometeram a atuar juntos no combate ao
contrabando. O Brasil aumentou de US$ 150 para US$ 300 a cota para as compras
feitas por turistas brasileiros no Paraguai. Também houve acerto na área
agrícola. A safra paraguaia agora terá acesso ao território brasileiro em um
terceiro turno da alfândega de Foz do Iguaçu (PR).

O embaixador
paraguaio no Brasil avalia de forma positiva os primeiros dias de vigência das
medidas acordadas em Assunção. Na opinião de Arias, o Paraguai está fazendo o
dever de casa. Cerca de 150 soldados da Marinha se revezam na Ponte da Amizade.
A fiscalização nas lojas em Ciudad Del Este aumentou. Os comerciantes que não
emitem nota fiscal são multados ou até mesmo obrigados a fechar as portas.

Assim que o impacto das medidas for confirmado, os paraguaios querem
discutir outros assuntos. Entre eles, a abertura do mercado brasileiro para as
empresas do Paraguai. As oito empresas que exportam cigarro no país querem
iniciar negociações com órgãos da área tributária e sanitária brasileira. "Temos
indústrias legítimas, que exportam para vários países menos o Brasil", lamenta
Arias. "Os brasileiros ainda acham que o Paraguai só vende cigarro falsificado.
Não sabem que nos últimos dois anos fechamos praticamente todas as empresas
ilegais em ações contra a pirataria."

De acordo com o embaixador, após a
estabilização do trânsito na Ponte da Amizade, os paraguaios também querem o
apoio do Brasil para levar turistas interessados em conhecer as belezas naturais
do país. O comércio deve continuar sendo um atrativo, uma vez que as regras de
mercado do Paraguai são mais flexíveis que as brasileiras, o que torna os
produtos mais baratos. Ainda assim, o governo paraguaio não pensa em reivindicar
novo aumento na cota de compras para turistas brasileiros.

"Precisamos
nos concentrar na questão do comércio de fronteira, no cidadão fronteiriço, nas
pessoas que moram naquela região e acabam fazendo compras em um lado e no
outro", acredita Arias, que só não vê com muito otimismo o intercâmbio de
mão-de-obra. "Existem 400 mil brasileiros em situação legal no Paraguai,
residindo lá. Mas os brasileiros ilegais, além de atuar sem garantias sociais,
acabam tomando vagas de paraguaios que pagam seus impostos e precisam de
emprego."

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