Parabéns, mas com ressalvas

Os ministérios da Saúde e da Educação estão de parabéns, mas com algumas ressalvas. Isso porque, esta semana, foi lançada mais uma ofensiva nacional no combate à aids. O ministro da Saúde, Humberto Costa, e o secretário de Educação Média e Tecnológica, Antônio Ibanez, deram o pontapé inicial num programa de distribuição de preservativos nas escolas públicas. A meta é entregar cerca de 235 milhões de preservativos por ano para 2,5 milhões de estudantes de todo o País até 2006.

Programas como esse, aliado à educação de base, são de fundamental importância para que o Brasil controle a propagação de uma das maiores pestes da humanidade, a aids. Falar e aprender sobre sexo não têm idade. Mentes conservadoras devem pôr de lado alguns ideais, em favor de uma orientação clara e objetiva para adolescentes, e até mesmo para as crianças. Educação e saúde têm a obrigação de andar lado a lado. Entretanto, há que se tomar cuidado para que essas orientações não se tornem um incentivo para a libertinagem juvenil. Nessa hora é que deve se fazer presente a atuação dos pais, com conselho, orientação e até mesmo repreensão. Isso porque o tema é muito delicado e mexe com o imaginário do adolescente, que acaba exacerbado com a divulgação atual do sexo pelas televisões e revistas.

E, se isso acontecer, a estatistica atual sobre a aids pode piorar ainda mais. Atualmente, foi registrado um aumento dos casos de aids na população com idade entre 13 e 19 anos e uma elevação nas ocorrências de gravidez na adolescência em jovens entre 10 e 19 anos (210.946 partos e 219.834 casos de abortos atendidos no Sistema Único de Saúde, no período de 1999 até abril deste ano).

Mas apenas ações sociais não adiantam. Grande parte da evolução no combate à doença está centrada nas mãos da ciência. E, talvez, ela seja a futura responsável pela erradicação desse mal. Ontem mesmo, um cientista sueco anunciou, durante uma conferência na Sicília, Itália, sua intenção de iniciar em dois anos testes em humanos de uma vacina por inalação contra a aids. A escolha está ligada à maior capacidade das mucosas nasais de absorver a vacina. Essa vacina reduziria ainda de forma significativa os custos de uma campanha de vacinação.

Há um mês, um consórcio europeu também anunciou a primeira fase de testes de uma vacina em 24 voluntários. A intenção é gerar uma reação imunológica ao subtipo C do vírus, o mais freqüente.

Portanto, autoridades, meio científico, pais e adolescentes devem se unir para combater um inimigo comum. Mas todos têm a obrigação de fazer a sua parte, pois esse inimigo é cruel, destruidor e mortal.

Anselmo Meyer (anselmomeyer@oestadodoparana.com.br) é editor de O Estado

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