Para relator, pagamentos ao PL caracterizam um “semanalão”

Brasília – A CPI Mista dos Correios descobriu que o esquema de pagamento de mensalão a deputados poderia ser chamado de "semanalão", no que se refere a parlamentares do PL. A expressão foi usada na comissão pelo relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), ao apresentar seu relatório parcial das investigações do caso. No período de 11 de fevereiro a 17 de março de 2003, foram liberados R$ 2,6 milhões para os liberais, por intermédio da corretora Guaranhuns, em repasses feitos a cada semana. Um outro período de "semanalão" teria acontecido de 24 de março a 2 de julho de 2003, com a liberação de R$ 1,9 milhão, também para o PL.

Sobre o PTB, o relator apresentou dados e quadros para afirmar que houve pagamento de mensalão e que os repasses ocorreram entre janeiro e agosto de 2003, coincidindo com as filiações ao partido. " Houve concentração de pagamentos em maio de 2003, com intenso ingresso de parlamentares no PTB", disse. Em relação ao PP, a concentração de pagamentos de mensalão ocorreu entre janeiro e fevereiro de 2004, justamente em função das novas adesões ao partido. "Alguém sustenta que o mensalão não exisitiu?", perguntou o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral ( PT-MS). " Ainda não" , respondeu Serraglio.

À pergunta de um parlamentar sobre o fato de o relatório não incluir o PMDB no esquema do mensalão, apesar de o ex-líder José Borba (PR) receber mais de R$ 1 milhão das contas de Marcos Valério no Banco Rural, Serraglio se limitou a dizer que havia sido realizado "um levantamento técnico e sem influência política" e que não participou desse levantamento. Ao final da apresentação de seu relatório, Serraglio lamentou a eventual existência de "um engenho, uma indústria e uma orquestração no sentido de que o trabalho da CPI não consiga corresponder ao que a sociedade espera que seja apurado". " Estamos trabalhando com seriedade, traduzindo ao público tudo que encontramos", afirmou.

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