Para presidente da OAB, revelação seria “ato insustentável do governo”

São Paulo (AE) – Se confirmadas as informações dadas ontem (03) pelo relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), de que o Banco do Brasil (BB) direcionou R$ 10 milhões para o caixa dois do PT, com intermediação da agência de publicidade DNA Propaganda, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, será um "ato insustentável do governo" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A opinião é do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato.

"As informações trazidas pelo deputado Serraglio são de alta gravidade, pois, se comprovadas, saberemos a origem dos recursos, vindos do governo e de verbas públicas, e o destino, ao partido de sustentação do governo. Será um ato insustentável do governo", disse.

Busato admitiu até mesmo a possibilidade de a OAB ingressar com um pedido de impeachment contra Lula, "dependendo da extensão dos fatos e do envolvimento das pessoas".

"É preciso aprofundar as investigações para sabermos a extensão dos fatos. Havendo comprovação, qualquer conseqüência é possível", declarou. Até mesmo, na visão dele, o envolvimento do presidente, que poderia ter cometido crime de responsabilidade, ao se omitir se tivesse tomado conhecimento prévio dos fatos.

"Até o momento, o presidente mostrou total falta de transparência para informar até que ponto teria ciência dos fatos", afirmou. Busato admitiu que, internamente, em pelo menos dois momentos durante a crise política, os dirigentes da entidade discutiram a possibilidade de ingressar com o pedido de impedimento de Lula.

"Naquele momento, julgamos inoportuno um pedido de impedimento. Impeachment é algo muito duro, muito amargo, e a Ordem terá responsabilidade em analisar a fundo este processo, analisar a profundidade das investigações e a comprovação dos fatos para, só depois, pensar nesta iniciativa", disse.

Para o presidente nacional da entidade, cabe, neste momento, às CPIs, ao Ministério Público (MPF) e à Polícia Federal (PF) comprovarem a eventual participação de funcionários públicos no sistema de repasse de verbas de empresas federais para o caixa dois do partido e de outras legendas.

"É o caso de investigar-se, por exemplo, o sr. Henrique Pizzolato (então diretor de Marketing do BB, em 2004, época da operação supostamente fraudulenta), um homem próximo ao Partido dos Trabalhadores. É preciso saber a extensão, a profundidade do envolvimento das pessoas, caso os fatos sejam confirmados", recomendou.

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