Para José Serra, reeleição deveria acabar no País

O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), pré-candidato a presidente, afirmou hoje, após um encontro com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, também pré-candidato, em Belo Horizonte, que é favorável ao fim da reeleição no País.

"Eu, por mim, acabaria com a reeleição, pois acho que a reeleição no Brasil não deu certo", afirmou. A proposta de acabar com a reeleição também é defendida por Aécio. Após o encontro, Serra minimizou a avaliação de especialistas em pesquisas eleitorais de que estaria em curso um movimento de recuperação na imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, em contrapartida, uma redução das intenções de votos em torno do nome dele.

A análise foi feita comparando-se os resultados das últimas pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), encomendadas pela Revista "IstoÉ", divulgada na semana passada, e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresentada em dezembro.

"Eu acho que pesquisa a gente nunca pode dizer que chegou no limite de nada. É temerário", afirmou. O prefeito de São Paulo voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, na opinião dele, usaria o cargo para fazer campanha.

Serra disse que a rotina de viagens realizadas por Lula nos últimos meses não pode ser comparada à agenda do então candidato à reeleição, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998.

"Eu não me lembro do Fernando Henrique ter feito a mesma coisa", emendou. O prefeito disse também que não se recordava de ter visto uma rejeição tão alta quanto a que o presidente registrou no levantamento do Ibope, acima de 30%.

Aécio e Serra reforçaram as críticas ao governo federal em relação ao "fraco" desempenho econômico do País em 2005. O prefeito citou que, em 2005, o Brasil só teve melhor desempenho que o Haiti, levando em conta que os fatores econômicos internacionais estão favoráveis.

"O Brasil ficou para trás de todo mundo. Esse governo está tendo o melhor céu de brigadeiro que um governo brasileiro já teve depois da 2.ª Guerra Mundial. Nenhum governo teve esse céu de brigadeiro internacional e, apesar disso, a economia e o emprego têm tido um comportamento medíocre. Isso é indiscutível.

Para o governador de Minas Gerais, o baixo crescimento econômico brasileiro será o grande teste de Lula na campanha presidencial. Segundo Aécio, ele terá de iniciar a campanha de forma diferente, pois "não haverá mais espaço para o Lula messiânico que prometia o céu aqui na terra".

"Nós devemos ter muito pé no chão para compreender que ele será sempre um candidato competitivo. Mas nós do PSDB nunca tivemos uma chance tão concreta e tão consistente de vencer as eleições", afirmou acreditar.

Serra evitou ataques diretos ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, outro pré-candidato, apesar de lançar uma pequena farpa, ao declarar que não pretende se licenciar da Prefeitura no momento para se dedicar à campanha.

"Eu, pessoalmente, estou mergulhado no meu trabalho de São Paulo. A população de lá sabe disso." Em seguida, destacou o nome de Alckmin como um dos mais indicados à disputa para presidente e ressaltou que eles trabalham em harmonia no Estado.

Mais uma vez, Serra disse que a escolha do candidato tucano se dará no momento adequado e de forma consensual. O governador de Minas emendou: "Nós não devemos nos precipitar para que essa decisão seja madura e, efetivamente, consensual, mas também não vamos permitir que o tempo nos engula, e acho que março é o momento adequado para que o PSDB faça a sua escolha e, a partir daí, possa construir as alianças, aquelas que serão possíveis no primeiro turno e já deixar, certamente, também, alguns entendimentos alinhavados para a eventualidade de um segundo turno.

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