Para Genro, oposição mudou discurso porque não atingiu Lula

O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, aproveitou uma nota que produz semanalmente para o site do PT para criticar a oposição e dar continuidade à estratégia do partido de comparar os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o de seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso. O ministro afirmou que opositores transferiram os ataques para o campo econômico por terem falhado em atingir o presidente Lula com o tema da corrupção

"Como a oposição tucano-pefelista tentou atingir o Presidente com o tema da corrupção e não conseguiu, começam, agora, a atacar a questão dos juros e das taxas de crescimento, abrindo uma crítica à política econômica que antes diziam ser deles", afirma o texto. No documento, que termina com uma tabela comparativa dos dois governos, Genro afirma que os números estão a favor do PT para enfrentar a campanha. "Sem salto, sem raiva, mas com firmeza, encaremos a campanha que começou. Ela será mais um jogo de inteligência do que um duelo de trabucos", disse o ministro

Genro aproveitou para alfinetar o candidato tucano à presidência, Geraldo Alckmin, ao afirmar que, apesar de possuírem semelhanças do ponto de vista monetário, as políticas econômicas de Lula e FHC são diferentes quando avaliado o conjunto. Os resultados das duas administrações, segundo ele, ajudam a comprovar essa tese e levam Alckmin a desviar da discussão. "É por causa destes resultados, aliás, que o candidato da oposição tucana não quer olhar para o passado", afirmou o ministro

Genro também comparou os governos Lula e FHC na forma como lidaram com a corrupção, destacando ações da Polícia Federal, da Controladoria Geral da União e da Procuradoria Geral da União na atual gestão. "Não podemos deixar de cotejar, igualmente, como os governos FHC e Lula trataram a questão da corrupção", afirmou Genro. "Tal cotejamento não significa justificar erros nem assacar ofensas pessoais contra adversários, mas comparar as condutas político-administrativas, inclusive referindo àquelas que impediram investigações importantes na época de FHC", acrescentou

Apesar de enfatizar a questão da corrupção, Genro não tratou diretamente do escândalo do mensalão no texto. Ainda assim, fez referências aos "erros graves cometidos especialmente por quadros do partido" e apontou o impacto da "pesada campanha anti-Lula e anti-PT, que transitou fortemente pela mídia durante um ano". Ao comentar as pesquisas Datafolha e Vox Populi divulgadas nos últimos dias, Genro afirmou que tal campanha surtiu efeito numa parte significativa dos setores médios da sociedade e "marcou consideravelmente o governo"

O ministro atacou também a idéia de que Lula tende a se "radicalizar" em um eventual segundo mandato. Segundo ele, acusadores do governo tentam "reexplorar" um sentimento de insegurança, após terem desenvolvido ou apoiado "o mais elevado populismo cambial e que deixou as contas públicas em um estado lastimável". Segundo ele, tal visão prevê que "todas as políticas que usam a força de Estado para distribuir renda são populistas e tudo o que não seja previsto no receituário do ‘caminho único’, além de ser ‘aventura’, opõe ‘ricos e pobres’". "Não é de surpreender que com esta tradição de mimetismo colonial sintetizada pelos oito anos de governo FHC (sem política industrial e sem planejamento sequer de médio prazo) o Brasil tenha se tornado campeão mundial de concentração de renda.

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