Para especialistas, montanhas não não foram feitas para seres humanos

São Paulo (AE) – Conhecido por ser o primeiro brasileiro a escalar a mais perigosa face do Pico do Aconcágua, Vitor Negrete, de 35 anos, já testou seus limites em situações de risco. Para ele, conseguir superar alturas acima de 6 mil metros envolve treinamento físico, técnico e psicológico. Além de equipamento adequado e vontade de viver. "Montanhas não foram feitas para seres humanos, são potencialmente perigosas. O melhor é passar menos tempo possível lá porque a montanha convida você a desistir", alerta.

O alpinista, que escalou seis vezes o pico, recomenda treinamento como corrida, caminhada, natação ou musculação e dieta feita por nutricionista. Já na hora da escalada, é preciso passar por um processo de aclimatação, adaptação do corpo às condições da montanha – a preparação depende da rota e da pessoa. "O metabolismo fica acelerado e o coração bate mais rápido para compensar a falta de oxigênio. O importante é subir lentamente e acompanhar as alterações do corpo." Mesmo com todos os cuidados, o sucesso não é garantido. "Conheço pessoas que nunca se acostumaram com a altitude", diz o alpinista Domingos Giobbi, de 80 anos, fundador do Clube Alpino Paulista.

Na rota da Parede Sul, a mais perigosa, Negrete chegou a ficar uma semana na base estudando a escalada e se adaptando. Quanto à alimentação, ele diz que o ideal é consumir um sachê de carboidrato em gel por hora e beber de 4 a 5 litros de água por dia.

Para superar o frio, o principal equipamento é a roupa de três camadas. "A camada intermediária segura o ar quente perto do corpo e evita que o calor se perca no meio ambiente."

O trabalho psicológico envolve a leitura de livros sobre o tema e a criação de obstáculos antes de escaladas mais complexas. Ele conta que, antes de escalar a Parede Sul, fez uma rota solitária. "Inventar os desafios aumenta o campo técnico, físico e psicológico."

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