Para Diretor-geral da OMC, Rodada Doha pode e deve ser retomada até abril

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, deixou claro para autoridades uruguaias, nesta terça-feira (21), que é "necessária e possível" a retomada da Rodada Doha no prazo previsto – até abril de 2007. Em conversa com os ministros Reinaldo Gargano, das Relações Exteriores, e Daniel Astori, de Economia, Lamy mostrou-se otimista com os sinais de flexibilização da proposta dos Estados Unidos sobre o corte nos subsídios concedidos a seus agricultores, assim como de outros parceiros-chave da OMC, que surgiram em conversas informais que vêm ocorrendo em Genebra nos últimos quatro meses.

"Lamy se pronunciou sobre a necessidade e a possibilidade da retomada da Rodada Doha. Fez comentários também sobre as tendências que se registram nesse aspecto (de uma nova proposta americana)", relatou Astori. "Ele disse que vai trabalhar nesse sentido. Eu estou otimista que vai conseguir resultados. Não sei em que dimensões. Mas haverá resultados", acrescentou Gargano.

Suspensa em julho passado por Lamy por causa da reiterada negativa dos Estados Unidos em propor um corte mais profundo em seus subsídios, a Rodada Doha tornou-se foco de uma "diplomacia silenciosa", por meio da qual os principais parceiros tentam costurar uma rede de posições mais flexíveis. Um dos sinais emitidos por Washington, antes mesmo das eleições parlamentares de 7 de novembro, foi o de que poderia ceder e ampliar o corte de subsídios domésticos de US$ 22,5 bilhões para US$ 17,5 bilhões se a União Européia concordasse em elevar seu corte de tarifas de importação de 54% para 59%.

A mensagem não foi recebida com euforia pelos negociadores. Os EUA concederam, em 2005, cerca de US$ 19,5 bilhões em subsídios. A redução para US$ 17,5 bilhões seria marginal e estaria longe das exigências do G-20, o grupo de economias em desenvolvimento liderado pelo Brasil e a Índia, que pretende ver fixado um teto de US$ 12 bilhões para essas subvenções. Tampouco há indicações políticas de que Bruxelas dará a contrapartida exigida por Washington. Mas, somado a outros sinais, esse recado assinalou a existência de um espaço para retomada da Rodada Doha.

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