Para Bastos, deve-se avaliar se dossiê tem “gravidade”

Dois meses de investigação e o ministro Marcio Thomaz Bastos, da Justiça, ainda não sabe se a trama do dossiê Vedoin tem importância do ponto de vista criminal. "A Polícia Federal está investigando (o dossiê), é preciso ver realmente se isso tem uma grande gravidade ou se não tem uma grande gravidade", disse na última quarta-feira (15) o ministro (a quem a PF é subordinada), após a abertura do XIX Congresso Brasileiro de Magistrados, em Curitiba.

Ele negou que tivesse declarado recentemente que a apuração sobre o dossiê fosse terminar antes das eleições, mas reconheceu que os protagonistas da farsa, pelo menos alguns, já estão identificados. "O que eu disse foi que a cadeia causal estava absolutamente desvendada até pela confissão das pessoas", declarou o ministro, em alusão aos "aloprados" do PT que admitiram participação na compra do dossiê de R$ 1, 75 milhão.

Polícia Federal

Ele garantiu que a PF "vai tentar" identificar a origem da bolada. "Descobrir de onde veio o dinheiro, isso é uma tarefa que tem que ser feita no tempo da investigação, no tempo da investigação séria, da investigação que não quer fazer efeito no tempo da eleição", afirmou. "Agora a PF vai tentar por todos os meios que ela tem e com toda a sua carga de êxito de 300 operações bem sucedidas em quatro anos, ela vai tentar descobrir a origem do dinheiro.

"Nós travamos uma grande luta contra a corrupção, nunca os organismos encarregados disso, como a PF, o Ministério Público Federal e a Controladoria da União, tiveram tanta independência. A PF executou mais de 300 operações, 200 das quais para desbaratar esquemas de corrupção.

Na abertura do congresso, Bastos observou os resultados de uma pesquisa que indica que quase 100% dos juízes estão convencidos de que a corrupção é causa maior da estagnação do País. "A corrupção é uma coisa séria, é uma praga", disse o ministro. "Mas pior que a corrupção é a corrupção impune", disse. "Esse combate à impunidade tem sido travado dentro de um método e de um projeto do governo que deu certo. Basta ver o número de gente processada, de quadrilhas desbaratadas todo mês, toda semana, durante quatro anos sucessivamente." Segundo Bastos, "quando a PF prende, ela o faz processualmente, ela faz a prisão temporária, a prisão para colher provas, é a prisão para fechar o inquérito.

Sucessão

Ele assegurou que não vai mesmo continuar no comando do Ministério da Justiça. "O presidente vai ter que escolher outro ministro." Questionado sobre o que seu sucessor deverá fazer e que ele próprio não fez, Bastos declarou: "Estamos começando agora um processo de transição. Vou esperar para saber quem é o sucessor. Acho que (o sucessor) deve aprofundar principalmente o sistema único de segurança pública, continuar prestigiando a PF." Bastos pregou ainda a independência do Ministério Público Federal. "Não podemos ter um retrocesso de ter um procurador-geral que seja nomeado sucessivamente de modo que ele perca a relação de distância e de independência que deve ter do governo.

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