Palocci escreve à CPI e diz que usou “alugar” inadvertidamente

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, enviou nesta quarta-feira uma carta à CPI dos Bingos na qual retifica o teor do depoimento que prestou à comissão no dia 26. Na ocasião, Palocci afirmou ter viajado num avião do empresário José Roberto Colnaghi, que teria sido alugado pelo PT. Na carta, o ministro alega que cometeu "uma imprecisão terminológica" por não ter se dado conta de que só poderia ter usado o verbo alugar caso o partido tivesse desembolsado algum dinheiro.

"Ao reafirmar que o PT disponibilizara um avião para meu transporte, recorri inadvertidamente à expressão ‘alugou’, sem me apegar à acepção estrita do termo", diz o ministro na carta. No texto, Palocci assegura ainda que nem sequer conhece as condições e os detalhes da organização da viagem de ida e volta de Brasília para Ribeirão Preto que realizou em 23 de julho de 2003, para comparecer a um evento do partido. "Utilizei os meios disponibilizados pelo PT para comparecer àquele evento político"

O ministro apresentou as explicações um dia depois de a comissão ter decidido questioná-lo para saber quem falava a verdade: ele, que atribuía ao PT o aluguel do avião, ou o empresário Colnaghi, que em carta à CPI afirmara que o avião que usa em suas atividades industriais "jamais foi locado a terceiros, nem cobrado qualquer reembolso por todos quantos nela já viajaram".

As explicações de Palocci contentaram os governistas, mas foram recebidas com ironia por senadores da oposição.

"O assunto, para mim, está encerrado", defendeu o senador Tião Viana (PT-AC). Já o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) considerou que "a carta do ministro é a desmoralização da língua brasileira". Antero é autor de dois requerimentos que aguardam votação da comissão. Um deles, pede que o ministro confirme o que disse no depoimento à comissão. O outro, pede à Comissão de Ética Pública, encarregada de analisar deslizes de ética de servidores públicos, cópia do processo sobre o vôo de Palocci no avião de Colnaghi.

No entender do líder do PFL, José Agripino (RN), as explicações do ministro pioram sua situação, pois levantam a suspeita que a "gentileza" de Colnaghi pode ter sido retribuída de alguma forma pelo governo. "É preciso que a gente tenha o mínimo de argúcia, ninguém pediu uma carta ao senhor Colnaghi, se não teve retribuição financeira, deve ter tido de outra ordem", defendeu.

O líder da minoria, senador José Jorge (PFL-PE), disse achar estranho o fato de o partido ter intermediado a viagem, "quando é publico e notório que o empresário é amigo do ministro". "Se o dono é amigo meu, eu consigo o avião e não o PT principalmente o PT regional", comparou. Ressalvou, porém, que ele próprio considera ser esta uma questão menor "porque o que se quer saber é se o ministro disse ou não a verdade".

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