País tem condições de fabricar bondes modernos, diz engenheiro

Rio ? O Brasil poderá produzir em breve boa parte do sistema conhecido como veículo leve sobre trilhos (VLT) usando tecnologia internacional. A informação é do engenheiro Sylvio César Mesquita dos Santos, da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), órgão vinculado ao Ministério das Cidades.

O VLT é uma espécie de bonde sofisticado, silencioso, climatizado e dotado de alta tecnologia, já disponível na Europa e na Ásia. A idéia é implantar inicialmente em cidades do Nordeste esse veículo leve, que conjuga dois modais de tráfego: ferroviário e rodoviário, pois anda tanto sobre trilhos quanto se mistura ao tráfego urbano, junto com carros e ônibus.

O engenheiro revelou que o Brasil ainda não detém a tecnologia para fabricar essa espécie de bonde moderno. "Aqui no Brasil não existe ainda nenhuma cidade operando esse tipo de veículo, que transpõe a área ferroviária e entra na área de tráfego urbano", afirmou Sylvio Mesquita.

O processo para desenvolvimento do projeto do VLT para o Nordeste vem sendo conduzido pela CBTU e tem o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Segundo Mesquita, a CBTU já tem uma demanda para esse veículo no Nordeste, onde existem sistemas para sua utilização. Ele considera o projeto viável.

De acordo com o engenheiro, uma vez adotado como veículo nacional, o VLT "atenderia à CBTU e, com pouquíssimas adaptações, também à operação de trem regional que o BNDES tem interesse em fomentar e subsidiar". Ele acrescentou que, a partir do apoio do BNDES, poderia suceder à indústria metroferroviária nacional a mesma expansão observada na indústria aeronáutica, com a Embraer, que se tornou uma grande empresa exportadora de aviões, reconhecida como referência na América do Sul.

"O BNDES tem interesse em fomentar a indústria metroferroviária no Brasil, por entender que o país tem uma demanda expressiva de necessidade de transporte público de alta e média capacidade, que são os transportes sobre trilhos", afirmou Mesquita.

Além de resolver problemas de congestionamento, Mesquita afirmou que o VLT apresenta vantagens como a baixa emissão de ruído e o fato de ser menos poluente que os veículos urbanos tradicionais. O VLT pode ser movido a diesel, gás, biodiesel e eletricidade.

Um carro de VLT na Europa e na Ásia chega a custar cerca de 800 mil euros, o equivalente a R$ 2 milhões. A configuração de cada unidade depende da demanda e do número de passageiros que se quer transportar. Para Mesquita esse valor pode ser bastante reduzido a partir da fabricação de parte dos veículos no Brasil. "Se desenvolvermos um veículo movido a álcool ou a gás, por exemplo, a nossa expectativa de custo é de um valor bem menor", informou.

Questões como valoração, fabricação, operação e financiamento desse tipo de transporte serão debatidas durante a mesa redonda "Trem Padrão", que a CBTU promove nos dias 13 e 14 deste mês, em Maceió (AL).

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