País não consegue evitar mortes de jovens

Rio – O Brasil tem obtido resultados expressivos no combate à mortalidade infantil, mas não está conseguindo garantir que jovens adultos ultrapassem a chamada fase de risco de vida. De acordo com a Tábua de Vida 2004, divulgada hoje pelo IBGE, nos últimos 25 anos o número de mortes no primeiro ano de vida, provocadas por diarréias, desnutrição, desidratação ou péssimas condições sanitárias caiu 61,5%, índice duas vezes maior do que a redução do número de mortes por causas externas na faixa etária dos 15 aos 34 anos, com forte predominância de acidentes de trânsito e homicídios.

Em 1980, para cada dois jovens do sexo masculino com idade entre 20 e 24 anos, morria uma jovem da mesma faixa etária. No ano passado, essa proporção chegou a 4 por 1. Rio, São Paulo e Distrito Federal lideram a trágica realidade. Na capital paulista, por exemplo, a probabilidade de um jovem do sexo masculino morrer entre os 20 e 24 anos de idade é 6 vezes maior do que mulheres do mesmo grupo etário.

Segundo o IBGE, ao contrário do que ocorre com a mortalidade infantil, a morte de jovens adultos vem se agravando ao longo dos anos "interrompendo precocemente um ciclo de oportunidades para milhares de rapazes que morrem por causas que poderiam perfeitamente ser evitadas".

Embora persistam os graves constrastes regionais, o Brasil conseguiu avançar nas ações sanitárias, com reflexo importantes na queda dos índices de mortalidade infantil, que passou de 69,1 por mil crianças para 26,6 no período abrangido pela pesquisa, redução de 61,5%. Ou seja, em 2004 para cada 1000 crianças nascidas vivas, quase 27 morriam antes de completar o primeiro ano.

O Rio Grande do Sul, com índice de 14,75, e São Paulo, com taxa de 17, ocupam as duas primeiras posições no ranking. No extremo oposto, Maranhão (43,6) e Alagoas (55,7) ocupam as duas últimas posições na tabela. Em termos porcentuais, São Paulo, Ceará e Roraima foram os estados que conseguiram os maiores sucessos no declínio da mortalidade infantil, com 70% no período 1980-2004, índice superior à média nacional.

Como forma de analisar o impacto da mortalidade infantil e das mortes de jovens adultos, os demógrafos do IBGE fizeram uma série de simulações. Uma queda de 40% no índice anual de mortes de recém-nascidos e de 80% no índice de mortes que poderiam ser evitadas representariam 3 anos a mais de expectativa de vida para o brasileiro. O documento ressalta que o avanço poderia ser ainda maior se as simulações incluíssem mulheres jovens "socialmente vulneráveis" e um considerável número de mortes maternas, muitas das quais evitáveis.

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