Obra de Portinari é liberada para campanha antiviolência

A família do pintor Cândido Portinari está abrindo mão dos direitos autorais sobre cinco mil obras do artista desde que elas sejam utilizadas em mensagens contra a violência. A idéia é lembrar a morte do menino João Hélio Fernandes, que foi arrastado por quatro bairros do Rio preso a um carro roubado. "Mesmo na festa máxima (o carnaval), não se pode ficar calado sobre uma coisa como esta. Não podemos deixar que isso caia no esquecimento", disse João Cândido Portinari, filho do pintor e diretor do Projeto Portinari da PUC-Rio.

Ontem, ele mandou um e-mail para mais de 2.100 pessoas da lista de endereços eletrônicos do projeto Portinari com três estudos que o pai fez para os painéis "Guerra e Paz", obra do pintor na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. Dois deles retratam mães com filhos mortos no colo.

Sobre a cópia de uma dessas gravuras, João Cândido colou uma foto de João Hélio, que tinha seis anos, no local do rosto da criança. "As imagens que meu pai fez sobre a guerra são de um impacto tão dramático que acho que dizem mais que palavras", disse João Cândido.

Ele contou que ouviu no rádio a mensagem do publicitário Nizan Guanaes sobre o assassinato de João Hélio, que, depois de descrever o brutal assassinato, pergunta: "E aí… nós não vamos fazer nada?". Ficou imaginando o que ele poderia fazer.

"Pensei que o que está ao meu alcance é ceder os direitos autorais dessas cinco mil imagens do nosso site (www.portinari.org.br) contanto que sejam usadas nesse protesto" disse. "Era minha obrigação. É pouquíssimo. Mas se cada um fizer sua parte, quem sabe a gente consegue mudar isso", disse.

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