O mapa da mina

Definitivamente o mundo das altas finanças não é mais o mesmo. Há alguns anos, um dos principais executivos de um banco britânico, no qual a própria rainha Elizabeth depositava seus recursos pessoais, arquitetou um golpe que funcionou por algum tempo, mas foi descoberto antes de causar prejuízos a maior número de investidores. O citado banco foi fechado pelo governo inglês.

Aliás, de alguns anos a esta parte não era novidade para ninguém que a tradicional segurança oferecida pelos bancos suíços, último baluarte da seriedade, complementada pela meticulosa eficiência no atendimento de clientes especiais com acesso a contas secretas, sofreu devastadores abalos quanto à credibilidade dos serviços, que se comparavam, em qualidade e precisão, ao mais sofisticado cronômetro fabricado na federação helvética.

A realidade foi exposta de maneira insofismável pelo atual consultor da Organização das Nações Unidas, Jean Ziegler, num livro sintomaticamente intitulado A Suíça lava mais branco, no qual são dissecadas as operações fraudulentas efetuadas por políticos corruptos (inclusive do Brasil), ditadores terceiro-mundistas e demais interessados na lavagem de dinheiro, tudo sob a chancela condescendente dos bancos do referido país.

A notícia veiculada ontem conspurcou de forma irremediável a esperança de todos quantos imaginavam que a libertinagem assistida que executivos de determinados bancos suíços forneciam a criminosos de colarinho branco, os famosos ?white collar? que pululam mundo afora, havia acabado para sempre.

Em mais uma de suas operações bem-sucedidas, a Polícia Federal prendeu três executivos de três bancos suíços (UBS, AIG Private Bank e Clariden), acusados de facilitar a remessa de dólares a partir do Brasil sem o pagamento de impostos, cuja sonegação pode ser superior a R$ 1 bilhão. Doleiros e supostos empresários envolvidos em operações ilegais detectadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Amazonas também foram presos pela PF, que apreendeu cerca de US$ 700 mil e R$ 6 milhões em dinheiro vivo.

O chamado ?private banking? atende com exclusividade uma seleta clientela de altíssimo poder aquisitivo, administrando fortunas pessoais que somam algumas dezenas de trilhões de dólares. Como se percebe, uma porta escamoteada para o trambique.

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