O homem que faz chover

A rumorosa acusação da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, de que houve ?ajuda? do governo federal na venda da Varig, fez reaparecer um personagem há certo tempo esquecido: o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A influência de Teixeira foi definida pelo empresário Marco Antônio Audi, que fazia parte do grupo que comprou a VarigLog (grupo este que implodiu mais tarde), pela seguinte frase: ?Olha, eu conheço duas pessoas que fazem chover: Deus e Roberto Teixeira?.

As vidas de Lula e Teixeira se misturam desde a década de 80, quando o advogado foi um dos principais colaboradores do hoje presidente da República quando ele ainda era sindicalista. Naquele tempo, ambos iniciavam suas trajetórias. A do presidente, sensacional, premiou um operário que venceu todos os desafios (o primeiro, o da fome no Nordeste) para chegar ao posto mais alto da República. A do advogado, obscura, ganhava em mistério a cada avanço do compadre.

Roberto Teixeira garante que não usa de sua amizade com o presidente para conseguir clientes ou fazer lobby de algum setor ou empresa. Mas é uma situação extremamente delicada que uma pessoa com essa proximidade com a principal autoridade brasileira faça trabalhos para empresas ou pessoas que têm ligação direta ou indireta com o governo.

Trabalhando com a inocência de Teixeira, mesmo assim é impossível não imaginar que empresários interessados em comprar a Varig não o contrataram porque justamente seu relacionamento com Lula seria citado em conversas de bastidores com outros negociadores e com a Anac. Seria muita ingenuidade pensar que o advogado, mesmo fazendo tudo dentro da lei, não tenha determinadas facilidades somente pelo fato de ser quem é.

É por conta disso que, em outros países, relacionados de autoridades não podem agir em situações que envolvam o Estado. Aqui, ao contrário, o fato de ser amigo ou parente de algum homem público é levado em consideração a todo momento.

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