O espetáculo da invasão

Ironizando as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que neste mês de julho o País assistiria ao espetáculo do desenvolvimento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que estamos assistindo ao “espetáculo da invasão”. Amargo, o sempre sereno chefe do Poder Executivo paulista referiu-se às invasões que ocorrem em seu Estado e em todo o País, agora de hora em hora e atingindo não só terras improdutivas, como produtivas, edifícios públicos e privados, terrenos urbanos e inclusive repartições públicas. Sua explosão teve como gota d?água a invasão, pelos sem-teto, de três prédios particulares no centro de São Paulo, dois hotéis fechados e sucateados e um edifício residencial vazio. Um dos próprios invadidos já pertence a uma instituição de ensino superior, que diz o estar reformando.

Na televisão, o país inteiro viu as famílias acampadas nos quartos desses edifícios sem luz e água, com falta de móveis e condições de habitabilidade precaríssimas. Não obstante, estão se organizando para lá viver da melhor maneira possível e preparando-se para transformar as invasões em posses duradouras, senão definitivas, e até a aquisição do direito de propriedade.

Alckmin diz, e com razão, que tais invasões são orquestradas e têm objetivos políticos. Sem dúvida, existem forças ocultas por detrás dos invasores e, mesmo que não digam, os que se voltam contra esses atos de força vêm lideranças de extrema esquerda, insuflando as invasões. Já começam a se organizar forças contra essas invasões, em especial entre os fazendeiros que vêem suas terras tomadas por movimentos como o MST. Autoridades que sempre fecharam os olhos a esbulhos e, quando a Justiça determina a reintegração de posse dos legítimos donos, fazem corpo mole para não ter de enfrentar os invasores com a polícia, pois isto seria mau negócio eleitoral, já admitem endurecer. “Dura lex, sed lex.” Uma delas é o governador Geraldo Alckmin.

Não existe dúvida de que as invasões, sejam urbanas ou rurais, são ilegais. Também ilegal a organização de milícias armadas dos proprietários, para combater os invasores. Mas o “espetáculo da invasão”, que tanto revolta o sensato governador Alckmin, e que pode estar sendo acionado por forças ocultas de extrema esquerda tem um roteiro de dezenas de anos. Melhor dizendo, de séculos. Ao ” espetáculo da invasão” opõe-se o espetáculo da miséria de milhares de famílias no País inteiro, inclusive as que invadem incentivadas por lideranças políticas e pressionadas pela falta de teto, pela fome, pelas doenças que não poupam nem suas crianças.

O IBGE revelou que o desemprego chegou a 13% em junho, um recorde histórico. Enquanto isto, os salários dos trabalhadores, sejam os com carteira assinada, como os que não têm essa garantia, vem encolhendo mês a mês, diminuindo seu poder de compra. O déficit habitacional é crescente e constante. Vem governo, vai governo e as promessas de vida melhor para as massas trabalhadoras se repetem. O que lhes dão é mais desemprego e mais miséria. Um elenco e um roteiro ideais para os que querem explorar, com motivação ideológica, o quadro de miséria existente no País. O “espetáculo da invasão” não se daria não existisse o caldo de cultura encontrado pelos manipuladores das massas miseráveis. É ilegal invadir, mas é também ilegal e imoral manter milhões de brasileiros sem teto e passando fome.

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