O emblema e os botões

A forma direta usada pelo presidente Lula para expressar o que pensa com seus botões sobre medidas em gestação para abrandar a legislação em termos do licenciamento ambiental de grandes projetos na infra-estrutura, a despeito das objeções que decerto se levantarão contra o governo, demonstram que esse é um caminho sem volta.

E o primeiro obstáculo a ser removido, ao que parece, dar-se-á com a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente, no qual conseguiu formar uma equipe sintonizada com as políticas endossadas pela Presidência da República para resguardar o remanescente do patrimônio natural do País.

Uma das pessoas mais respeitadas do governo, Marina escreveu sua história como legítima sucessora de Chico Mendes, seringueiro assassinado a sangue-frio por grileiros que haviam migrado da região Sul para o longínquo Acre, onde não contavam com a resistência do audaz defensor dos povos da floresta, fato que os levou a planejar e executar o bárbaro crime.

Ninguém mais emblemático na luta contra os poderosos e opressores, jargão indispensável na verborréia petista, que a sindicalista Marina Silva, eleita duas vezes senadora pelo Acre, uma unanimidade ao ser indicada para o Ministério do Meio Ambiente, logo transformada no principal argumento do governo Lula quanto à vigilância extrema a ser exercida em relação ao meio ambiente.

Após quatro anos de trabalho intenso, primeiro para juntar os cacos duma legislação descontínua e ignorada e, em seguida, ganhar o respeito devido dentro e fora do País à política pública ambiental, a corajosa acriana vê-se rotulada como uma das responsáveis, mesmo por vias oblíquas, pela trava que impediu o crescimento da economia nacional além dos indigentes 3%.

Se a legislação ambiental é considerada draconiana pelo próprio governo e, por cima, a ministra escalada para defendê-la sempre o fez com destemor, mude-se a legislação e se indique um substituto capaz de transigir e não fazer tábula rasa daqueles princípios que só têm serventia no floreio da oratória política.

Marina deverá perder o posto em nome da nova doutrina de um líder disposto a esquecer o passado do partido que o levou ao poder.

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