O descaso da educação

Tema apaixonante sempre citado por políticos, a educação continua na berlinda e, para dizer o óbvio, ainda é credora da atenção proativa dos governantes, salvo as honrosas exceções de praxe. O IBGE, mediante a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente a 2005, desnuda a chaga social: 10,9% dos brasileiros com mais de 15 anos não sabem ler nem escrever.

Em 2002 o percentual era de 11,8%, indicando então um estudo do Ipea que o contingente somava 14,8 milhões de analfabetos. Três anos depois, a melhora foi praticamente nula, porquanto apenas 213 mil pessoas tinham tido a oportunidade de aprender a ler e escrever. Resultado pífio para um País que, não raro, perde o senso da realidade e alardeia planos mirabolantes de crescimento econômico e distribuição de renda.

A realidade de alguns vizinhos próximos da América do Sul, no campo específico da educação, causa inveja. Em 2001 e 2002, respectivamente, a taxa de analfabetismo na Argentina era de 2,8% e, no Chile, de 4,3%. O índice brasileiro não chega a ser infinitamente maior até pela proporção das populações, mas vai requerer espaço de tempo significativo, além de projetos agressivos e garantia de recursos orçamentários para ejetar-se da leniência em que se encontra.

O Ipea oferece uma agenda para a avaliação dos governantes. Do total de crianças com sete anos que entram na escola, somente 84% concluem a quarta série e 57% chegam ao fim do ensino fundamental. A etapa seguinte, o ensino médio, é finalizada por 37% dos que chegaram ao fundamental.

Dessa maneira, levando em consideração o quadro observado em 2004, o brasileiro adquirira escolaridade média de 6,8 anos, infelizmente um patamar que não merece conceito maior que sofrível, independente da análise. Em termos práticos, o jovem brasileiro de qualquer série está equiparado em competência educativa ao estudante europeu com cinco anos a menos de estudo. Uma calamidade.

Para resolver de vez a questão, a alternativa é aperfeiçoar a qualidade dos professores, melhorar a infra-estrutura e motivar os profissionais envolvidos em educação. Esse é um dos aspectos fundamentais da revolução pacífica pregada pelo senador Cristovam Buarque.  

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