O começo do fim

A encarniçada resistência do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) arrefeceu diante do verdadeiro cordão de isolamento estendido em torno de sua pessoa pela maioria absoluta dos integrantes do Senado da República. Para não falar no impacto destruidor da repercussão que a mídia nacional deu ao caso que se arrasta desde o final do mês de maio. Desde o mais importante dos diários até as humildes folhas publicadas nos burgos distantes, aí incluídas as redes de televisão e emissoras de rádio cujo alcance é onipresente no território nacional, não houve sequer um veículo de comunicação que tenha desprezado o tema.

De resto, não só a mídia e a esfera política acompanharam o affair estrelado pelo presidente do Senado, mas em igual intensidade os meios financeiros, as corporações do segmento produtivo, as entidades de classe, enfim, toda a sociedade, que aguardou com ansiedade acima dos limites do tolerável a solução final, que pode ter-se esboçado com o pedido de licença do cargo por 45 dias.

Abandonado pelos dois maiores partidos da base governista, PT e PMDB, que lhe garantiram a absolvição no primeiro processo de cassação votado pela Casa numa grotesca sessão secreta, acossado diuturnamente pelos hábeis artilheiros dos partidos da oposição e – no topo da purgação – restou a Renan o constrangimento de testemunhar a nudez da ex-amante e mãe da filha resultante da aventura extraconjugal estampada em revista masculina de circulação nacional.

A licença temporária da presidência do Senado serve, nesse momento, para apaziguar o ressentimento enervante motivado pela insistência de Renan em continuar exercendo o cargo, tendo sua autoridade abertamente abjurgada por grande número de senadores. Além disso, enquanto os demais processos seguem a tramitação regimental no Conselho de Ética, a Casa pretende voltar à normalidade dos trabalhos legislativos nas comissões e no plenário.

No próximo dia 2 de novembro, o senador Jefferson Peres (PDT-AM) apresentará relatório sobre a denúncia de que Renan teria comprado veículos de comunicação social em Alagoas, com sua participação no empreendimento assumida por laranjas. Segundo o senador amazonense, o pedido de licença chegou tarde e, dificilmente, Renan conseguirá evitar a cassação.

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