Novo pólo de maçã no norte do Paraná

Com 100 hectares cultivados por 50 fruticultores distribuídos em 12 municípios, a região norte do Paraná está consolidando um novo pólo de maçã, da cultivar Eva e polinizadora Princesa. Produzindo para a colheita em fins de novembro e dezembro, embora com produtividade abaixo do potencial técnico de 30 toneladas por hectare de pomar acima de 4 anos, a atividade ocupa uma janela de comercialização de bons preços médios de R$ 1,00, ofertando fruta fresca nos mercados de Londrina e Curitiba e com potencial de concorrência com as mantidas em câmaras frias no Ceagesp, São Paulo, Mato Grosso e Goiás.

Este cenário, juntamente com homenagem ao produtor pioneiro e aos 50 anos de extensão rural oficial no Paraná, entrou na pauta de debate dos 230 participantes do 1.º Encontro Regional de Produtores de Maçã, realizado esta semana na cidade de São Sebastião da Amoreira, numa promoção do governo do Paraná, Seab, Prefeitura Municipal, Faep, Amunop e Cooperativa Sul Brasil e realizado pela Emater e Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, com apoio do Iapar, Embrapa, Senar, Caixa Econômica, Basf, Sindirural, Humorgan, Ocepar, Sicredi, Bayer, Itaforte, Seara, Syngenta e Banco do Brasil.

A maçã é mais uma grande oportunidade de emprego e renda para a agricultura familiar e mostra o grande potencial regional de diversificação agrícola pela produção de frutas, ?que permite sim melhorar a qualidade de vida da população e garante, inclusive, o agricultor ter orgulho de comprar caminhonete nova e ser respeitado pelo sucesso do seu empreendimento rural?, destacou o engenheiro agrônomo Manuel Pessoa de Lira, gerente regional da Emater de Cornélio Procópio, em seu pronunciamento na abertura oficial, posicionando-se contra os críticos desinformados da atual crise da agropecuária paranaense e nacional.

Selecionada desde 1979 pela equipe do pesquisador Roberto Hauage, do Iapar, a maçã Eva tem baixa necessidade em frio, em torno de 300 a 350 horas para ocorrência natural da quebra de dormência e em regiões quentes pela quebra de dormência artificial. A maturação é precoce e o ciclo desde a floração é de cerca de 123 dias. Sua produtividade em plantas adultas é considerada alta, chegando a 70 toneladas por hectare em pomares no centro-sul do Paraná. Os frutos são doces, firmes e resistentes ao manuseio, coloridos com 30 a 70% da superfície em vermelho vivo e a coloração de fundo no ponto ideal de consumo é creme amarelada, informa o folder técnico do Iapar, lançado e distribuído no evento.

O fruticultor e médico veterinário Norio Shimada, do Sítio Shimada, de 110ha, localizado na Secção Cabiúna, em São Sebastião da Amoreira, homenageado como pioneiro da maçã na região, lembrou das influências recebidas durante sua formação acadêmica em Lages, Santa Catarina, das experiências tidas na produção de maçã em Palmas, do trabalho com o pai em fruticultura e das primeiras plantas codificadas recebidas do Iapar, através da cooperativa Sul Brasil. Hoje, com 10 hectares de pomar iniciado desde 1998, sendo 3,5 hectares adultos produzindo a média anual de 18 toneladas por hectare, Norio afirma estar satisfeito com a produção da maçã e não tem intenção de expandir, ?devido a falta de mão-de-obra especializada na região?.

A engenheira agrônoma Lucilene Antoniassi Endo, secretária municipal da Agricultura e Meio Ambiente de São Sebastião da Amoreira e integrante da comissão organizadora do encontro, também demonstra cautela na expansão da maçã na região. Quer, ver concretizada a instalação, em até dois anos, de um packing house para atender os municípios produtores, com máquina de recepção, lavagem e classificadora por peso.

?O rumo certo começa a partir deste 1.º Encontro Regional, coordenado pelo articulador regional da extensão rural oficial Maurílio Soares Gomes, que teve o mérito de integrar os extensionistas da Emater, os pesquisadores do Iapar, os técnicos da Sul Brasil, as empresas integrantes da cadeia produtiva da maçã e, principalmente, os fruticultores. Estes sim é que devem se profissionalizar e colocar maçã madura e de qualidade na mesa do consumidor brasileiro, para assim garantir evolução e expansão da atividade?, conclui otimista o engenheiro agrônomo Élcio Felix Rampazzo, implementador de fruticultura da Emater de Londrina. 

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