Nove prefeitos e dois ex-prefeitos em Alagoas estão presos na sede da PF

Estão presos desde terça-feira (17) na sede da Polícia Federal em Alagoas 27 pessoas, entre elas nove prefeitos, dois ex-prefeitos, dois secretários municipais e 14 empresários acusados de formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e desvio de recursos da merenda escolar. A operação ganhou o nome de Guabiru, uma referência a um rato conhecido no sertão por se alimentar de produtos estocados em armazéns.

Segundo a Polícia Federal, a operação envolveu 311 policiais federais de todo o país e desmontou um esquema de corrupção que há dez anos fraudava licitações e vendia produtos superfaturados às prefeituras. Somente em 2005, a PF estima que os valores das fraudes nas 11 prefeituras chegue a quase R$ 2 milhões.

O ex-prefeito de Rio Largo, Rafael Torres, é apontado pela PF como sendo a principal figura do esquema. Ele é acusado de manter empresas fantasmas e de fachada para emitir notas frias para os prefeitos, que por sua vez aumentavam o número de alunos para receber mais dinheiro. Ao ser preso, ele estava com mais de 20 mil euros em espécie em casa. Mas o material de maior importância da Operação Guabiru, segundo a PF, foi apreendido na casa do empresário Francisco Erivam dos Santos: 15 processos de licitação frios.

As investigações tiveram início em agosto de 2004, depois que a PF recebeu relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) que apontavam indícios de desvio de verbas federais para a compra de merenda escolar. De acordo com o relatório da CGU, os desvios ocorriam de diversas maneiras, como fornecimento de produtos em quantidades menores que o licitado, com qualidade inferior, informação de quantidade de alunos superior ao existente, direcionamento de processos de licitação, incluindo produtos que somente as empresas de fachadas da própria quadrilha poderiam fornecer e realização de falsos procedimentos licitatórios, para acobertar a saída de recursos.

Além dos mandados de prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 61 locais, inclusive na sede de onze prefeituras, e apreendidos documentos, computadores, armas e notas de euro, dólar e reais.

Segundo a Polícia Federal, os prefeitos presos são: Cícero Cavalcanti de Araújo (São Luís do Quitunde); Marcos Paulo do Nascimento (Matriz do Camaragibe); Paulo Roberto Pereira de Araújo (São José da Lage); Carlos Eurico Leão e Lima (Porto Calvo); José Danilo Damaso de Almeida (Marechal Deodoro); Fábio Apóstolo de Lira (Feira Grande); José Hermes de Lima (de Canapi); Neiwton Silva (Igreja Nova) e José Valter de Azevedo (Ibateguara).

Os ex-prefeitos são: Fernando Sérgio Lira Neto (Maragogi) e Jorge Silva Dantas (Pão de Açúcar). Outros envolvidos são: José Rafael Torres de Barros, José Arnon Dacal Mattos Nunes, Francisco Erivan dos Santos, João Inácio da Silveira, José Carlos Batista, Teógenes Marques Gameleira Júnior, José Erasmo de Azevedo, Wilma de Vasconcelos Araújo, Leopoldo Araújo de Oliveira, Luiz Antônio Grossi, Ednilson Ribeiro de Guimarães, Ângelo Márcio da Silva Brandão, Jussara Martins Lira e Heleno Machado Pereira Júnior.

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