Novas vagas na indústria de SP podem não se sustentar

A estabilidade registrada no nível de desemprego da Grande São Paulo em julho, que manteve uma seqüência de cinco meses sem oscilações significativas, se deve ao baixo ritmo de geração de empregos, segundo os especialistas da Fundação Seade e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

"A ocupação continua muito devagar, crescendo pouco", apontou o gerente de Análise da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) pela Fundação Seade, Alexandre Loloian, ao comentar o índice de 16,7% de desemprego da População Economicamente Ativa (PEA) da região em julho.

Pela primeira vez este ano, a PED registrou crescimento do emprego na indústria da Grande São Paulo, com a criação de 34 mil postos em julho ante junho. Os técnicos receberam, entretanto, o dado com ceticismo por causa da demora da indústria paulista em contratar ao longo do ano e, sobretudo, pela distribuição dos segmentos que contrataram: 11%, em Vestuário e Têxtil; 9,3%, em Química e Borracha; 4,5%, em Alimentação; e 2%, em Gráfica e Papel.

"Não podemos afirmar que esse crescimento do emprego industrial vai se sustentar", ponderou Loloian. "Os empregos do setor vestuário foram puxados provavelmente pelo início da produção da coleção Primavera-Verão, mas não sabemos exatamente o que puxou os outros setores", acrescentou, ao destacar como "positivo" o fato de o segmento de Metal-Mecânica ter registrado estabilidade no nível de emprego.

Loloian também alertou para o fato de, pela primeira vez este ano, a PED registrar decréscimo no emprego industrial quando a comparação é feita em relação ao ano passado. "Em relação a julho de 2005, a indústria cortou 6 mil ocupações. É a primeira vez que constatamos esse dado negativo neste ano e se trata de um fato relevante", argumentou.

O mercado de trabalho paulista, alertou o especialista, parece acompanhar neste momento a mudança de percepção sobre o crescimento econômico brasileiro que vem sendo feita pelo conjunto da economia País. "O comércio é um bom exemplo dessa mudança de expectativa: vinha contratando ao longo do ano e, em julho, teve saldo de 9 mil cortes sobre junho. Isso denota um pouco de ajuste do comércio ao clima de que haverá pouco esplendor econômico este ano", ponderou.

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