No Pinheirinho, uma escola feita para crianças especiais

Escola.jpgCerca de 100 homens trabalham estão trabalhando intensamente terminar até junho as obras da Escola Especial do Pinheirinho, a primeira de Curitiba projetada e construída especialmente para atender alunos portadores de necessidades especiais. Diferente das duas unidades já existentes, que foram adaptadas para esta finalidade, na Escola do Pinheirinho será possível acessar todo o prédio sem passar por degraus. As obras da Escola Especial fazem parte do Plano de Ação do prefeito Beto Richa para os primeiros 180 dias da gestão. O investimento da Prefeitura é de R$ 2,6 milhões.

"A escola foi feita especificamente para atender este tipo de aluno", explica o arquiteto do Ippuc responsável pelo projeto, Mauro Magnabosco, que estudou detalhadamente com os profissionais da Educação o que seria necessário para que a nova escola especial oferecesse o máximo de conforto e segurança aos alunos.

Localizada próximo à Rua da Cidadania do Pinheirinho a escola, de 3,6 mil metros quadrados, está dentro dos moldes mais avançados de construção, respeitando a legislação federal e as normas da vigilância sanitária.

Rampas de acesso a todas as áreas (embora haja escadas também) estão entre os cuidados tomados desde o projeto. Mas a construção guarda outros aspectos inovadores como o aproveitamento da luz natural e a ventilação que garante o conforto natural e o aproveitamento da água da chuva para atividades de horta e jardinagem. Toda a água que cair no telhado será captada e armazenada numa cisterna anexa ao prédio para sua reutilização.

A segurança e o cuidado com a não exposição dos alunos ao ambiente externo, o que garante a concentração dos portadores de necessidades especiais, também fazem parte da concepção do projeto da escola. O tamanho das salas respeita a legislação federal sobre o assunto que fixa o número máximo de alunos, de até oito, conforme a turma.

Com janelas dos dois lados, as salas deverão trazer conforto e economia nos gastos com iluminação artificial. A ventilação da escola atende as normas da vigilância sanitária. Janelas basculantes na parte superior e vidros fixos na parte inferior vão garantir a segurança dos alunos e, tanto nos dias frios quanto nos dias quentes, a escola deverá ser um ambiente saudável para os alunos e professores permitindo a renovação do ar de forma constante e agradável. "E isso não significa que seja uma escola muito mais cara do que uma construção convencional. Soluções de ventilação e iluminação como estas podem ser colocadas em prática", analisa Magnabosco.

A escola especial atende um número menor de alunos. A estrutura disponibilizada seria suficiente para atender cerca de mil alunos sem necessidades especiais. Esta escola terá capacidade para 380 alunos.

Pátios com luz do dia

A escola terá dois amplos pátios para o desenvolvimento das atividades, um deles a céu aberto e outro coberto com telhas termo acústicas que permite a realização de atividades sem a interferência da chuva ou frio. Mesmo estando próximos das salas, estes espaços foram projetados para que não houvesse a interferência das atividades realizadas no pátio, dentro das salas, para garantir a concentração dos alunos em aula.

Outra vantagem deste tipo de material é que quando houver sol os alunos poderão aproveitar a luminosidade do dia. "Numa escola especial o pátio não serve apenas para as aulas de educação física e para as atividades durante o recreio. É difícil segurar em sala de aula, que é um lugar fechado, o tempo todo, alunos como estes", explica Mauro Magnabosco.

A vice-diretora da escola do Pinheirinho, Gislaine Coimbra Budel, esclarece que o trabalho com alunos portadores de necessidades especiais é muito diferente daquele desenvolvido com os que não têm necessidades especiais. "Tudo é feito no concreto e o aspecto corporal é bastante utilizado. Os professores não ficam em sala de aula o tempo todo. Eles precisam sair das salas todos os dias porque não é possível trabalhar dentro da sala todos os dias", explica.

Na Escola do Pinheirinho, os acompanhantes dos alunos que utilizam cadeiras de rodas para a sua locomoção poderão entrar nos banheiros da Escola Especial sem constrangimentos. A parede que isola o sanitário daqueles que têm dificuldades motoras vai permitir o acesso de pessoas do sexo oposto ao sexo do cadeirante sem causar embaraços ao acompanhante. Haverá também banheiros infantis.

Oficinas

Entre as novidades da nova escola especial está a variedade de oficinas que vão dar a oportunidade de inserção dos alunos adultos ao mercado de trabalho. Pet shop (para o trabalho como auxiliares), estética e beleza, gráfica, oficina de plantas (subdividida em minhocário, jardinagem e horta), culinária, marcenaria, artesanato, confecção e uma oficina de múltiplos ofícios, que poderá ser usada para hotelaria ou reposição de produtos em supermercados, serão oferecidas aos portadores de necessidades especiais.

Os laboratórios de informática serão usados pelos professores em suas atividades, já que utilizam softwares específicos, mas serão fundamentais também para os alunos que serão inseridos no mercado de trabalho. "O aluno sem deficiências é preparado para utilizar o computador. O deficiente mental também precisa ser preparado para usar esta ferramenta", defende a vice-diretora da escola, Gislaine Coimbra Budel.

Maria Cândida

Junto à Escola Especializada funcionará o Centro Municipal de Atendimento Especializado (CMAE) Maria Cândida Fankin Abrão, que hoje fica numa casa, no bairro Novo Mundo. No espaço maior do que o imóvel alugado, a Prefeitura espera ampliar o número de atendimentos. Em 2004 o CMAE Maria Cândida atendeu 220 crianças e realizou 9.746 atendimentos.

Com rampas (além das escadas), banheiros especiais e até a possibilidade de se implantar, no futuro, elevador, o prédio permite que o acesso seja feito separado da Escola Especial.

Os alunos do CMAE Maria Cândida contarão com atendimento nas áreas de fonoaudiologia, psicologia, reeducação visual, pedagogia especializada, serviço social. Conforme a necessidade da comunidade, o Centro poderá oferecer ainda o atendimento nas áreas de fisioterapia e reeducação auditiva. Os oito Centros existentes em Curitiba atendem os alunos com necessidades especiais, sejam deficiências ou dificuldades de aprendizagem, todos encaminhados pelas escolas municipais.

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