Zôo abriga três moradores de peso

O Zoológico de Curitiba tem três moradores de peso. Aparentemente desajeitados e com movimentos vagarosos, os hipopótamos (Hipopotamus amphibius) Dino, Penélope e Charlene chamam a atenção dos visitantes pela excentricidade e também pelo tamanho da boca, que periodicamente se abre em um imenso bocejo, fazendo a alegria das crianças que têm a sorte de observá-lo.

Dino e Penélope são hipopótamos adultos. Ele é o maior indivíduo de seu recinto, medindo cerca de 1,70 metro de altura, e foi trazido de um zoológico de Sapucaia (RS). Já ela foi trazida de Belo Horizonte (MG) e recebeu o nome Penélope em homenagem à personagem de desenhos infantis Penélope Charmosa. Há quem considere a fêmea bastante charmosa quando comparada ao macho.

?Charlene é filha do casal e nasceu no próprio zoológico da capital, no dia 14 de janeiro de 2003. Ela ainda é um filhote, pois os hipopótamos só atingem a puberdade e estão prontos para a reprodução aos treze anos de idade. Na natureza, eles vivem entre trinta e quarenta anos. Em cativeiro, já houve caso de um animal que chegou aos 57 anos?, comenta o médico veterinário do zôo, Manoel Lucas Javorouski.

O nome Charlene, assim como Dino, foi dado em função da série televisiva Família Dinossauro, onde a dinossauro Charlene é filha do dinossauro Dino. Os nomes foram dados aos animais porque a cabeça deles lembra bastante a cabeça das personagens, gerando comparações entre o público infantil que visita o zôo.

A fêmea de pouco mais de três anos não é a primeira cria do casal de adultos. Cerca de um ano antes dela nascer, os animais tiveram um filhote macho, que morreu algumas horas após o parto. Porém, depois de Charlene, a reprodução dos hipopótamos não mais aconteceu. ?A gestação dos hipopótamos dura apenas 240 dias, sendo inferior à de uma vaca, que é de 270 dias?.

A formação do filhote no útero da mãe é considerada bastante rápida, sendo que o período de gestação é tido como pequeno para um animal tão grande. Alguns zoológicos chegam a enfrentar problemas devido à superpopulação de hipopótamos e começam até a desenvolver um anticoncepcional para ser fornecido aos animais. Porém isso não acontece em Curitiba. O veterinário não sabe ao certo o motivo pelo qual Dino e Penélope deixaram de ter filhotes. Entretanto, há suspeitas de que um dos dois tenha problemas reprodutivos ou de que o fato simplesmente ocorra por características comportamentais.

Alimentação

Na natureza, os hipopótamos se alimentam de ervas e plantas aquáticas. Como podem pesar entre três e quatro toneladas, costumam ingerir grandes quantidades. No zôo, os moradores são alimentados duas vezes ao dia, uma de manhã e outra à tarde. Na primeira refeição, comem ração para herbívoros e alimentos preparados na cozinha do local, como frutas picadas (principalmente mamão e abóbora) e escarola. Na segunda, recebem alimentos secos, como capins.

Quando chega a hora de comer, os três animais mantidos em cativeiro atendem prontamente ao chamado do tratador, Donizete Eduardo Ferreira, que há vinte anos trabalha no zôo e tem um carinho especial pelos bichos. Embora os hipopótamos não sejam considerados animais dóceis, sendo capazes de matar um ser humano em poucos minutos, Donizete se aproxima da grade e fornece-lhes comida na boca, muitas vezes acariciando-lhes o focinho. ?Chego perto até um certo ponto, pois sei que os animais não são mansos. Entretanto, eles já me reconhecem e atendem ao meu chamado. No começo eu tinha medo de me aproximar, mas hoje já estou costumado?, afirma.

Animais alcançam uma pessoa correndo

No começo, o tratador Donizete Ferreira tinha medo, mas agora
chega a dar a comida na boca.

Apesar de parecerem lentos e desengonçados, os hipopótamos são capazes de alcançar uma pessoa correndo. Em países da África, eles são os principais responsáveis pela morte de turistas. Atacam quando se sentem ameaçados ou por terem seus territórios invadidos. ?Como os hipopótamos vivem na água, geralmente eles chegam por baixo de botes ocupados por pessoas, virando as embarcações e matando os ocupantes. Dentro da boca, eles possuem quatro dentes caninos bastante grandes e afiados?, explica o veterinário Manoel Javorouski.

Para viver dentro de grandes rios e lagoas, os animais têm o formato da cabeça adaptado à vida aquática. Os olhos, as narinas e as orelhas são posicionados de forma a ficarem para fora da água quando todo o restante do corpo estiver submerso e são considerados pequenos em relação ao tamanho dos bichos. Apesar disso, os hipopótamos agüentam ficar até cinco minutos debaixo da água sem subir à superfície para respirar. ?Na natureza, eles passam o dia dentro d?água se protegendo do sol e à noite em áreas secas, onde procuram comida?.

Em cativeiro, os hábitos passam a ser um pouco diferentes, sendo que os animais são vistos fora d?água durante o dia. No zôo de Curitiba, o recinto onde são mantidos os hipopótamos conta com uma piscina artificial, que é seca uma vez por semana para limpeza. Na maioria das vezes, a limpeza é feita na segunda-feira, quando o local fica fechado para o público. Do fundo da piscina são retirados restos de alimentos, terra e fezes.

Para quem quiser conhecer mais sobre os hipopótamos e observá-los em cativeiro, o zoológico de Curitiba fica dentro do Parque Iguaçu. Funciona de terça a sexta-feira, das 8h30 às 17h, e das 8h30 às 18h aos sábados e domingos. A entrada é gratuita. (CV)

Pigmeu não costuma viver em grupo

Originário da África, também
é conhecido como anão.

Outro hipopótamo que pode ser encontrado na natureza, mas não é visto em exposição no zoológico de Curitiba, é o chamado hipopótamo pigmeu (Choeropsis liberiensis). Também conhecido como hipopótamo anão, pesa bem menos que um hipopótamo comum (entre 160 e 250 quilos).

Antigamente chamado de grande porco pelado, costuma viver sozinho e não em grupos, como os hipopótamos maiores. Mede cerca de 80 cm de altura e é considerado bem mais gracioso que o Hipopotamus amphibius. Se alimenta de frutas e folhas e tem hábitos noturnos, saindo à noite a procura de comida.

É um animal terrestre, também originário da África, que se adapta bem à vida em cativeiro. Na natureza, vive em áreas de arbustos, utilizados como esconderijos em momentos de perigo. O tempo de gestação é de 210 dias e a média de vida é de quarenta anos. (CV)

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