WikiLeaks: Brasil teme terrorismo na Olimpíada de 2016

Um documento da diplomacia norte-americana mostra que o Brasil admitiu a “possibilidade de ameaças terroristas” durante a realização da Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro. A afirmação consta de um documento enviado pela diplomacia norte-americana ao Departamento de Estado, vazado pelo site WikiLeaks.

O telegrama diplomático é firmado pela encarregada de negócios dos Estados Unidos no Brasil, Lisa Kubiske. No texto, ela afirma que o governo brasileiro mostrou grande abertura à colaboração em áreas como o “compartilhamento de informação e cooperação” com Washington, de olho na organização da Olimpíada do Rio.

Datado de 24 de dezembro de 2009, o documento diz que o governo brasileiro tenta capitalizar o fato de sediar os jogos para “solidificar a imagem do Brasil como o líder da América do Sul e como um ator global emergente”. Cita ainda o fato de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva esperava que a “euforia” causada pela Olimpíada no Rio pudesse “se traduzir” em votos para a então pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.

O documento cita uma declaração de Vera Alvarez, chefe da Coordenação Geral de Intercâmbio e Cooperação Esportiva do Itamaraty. Segundo o texto, a diplomata brasileira avaliou, em conversa com colegas norte-americanos, que o fato de o Brasil ter sido escolhido reflete a percepção de que o País teve sucesso para lidar com a crise financeira global, em comparação com outras nações.

Vera disse, segundo o documento, que a intenção do governo brasileiro é tornar essa Olimpíada os “jogos da América Latina”, e que o governo planeja abrir suas fronteiras aos vizinhos, a fim de encorajá-los a comparecer. Segundo o texto, a diplomata do Brasil chegou a comparar a realização dos jogos com a chegada da família real portuguesa, em 1808, “quando o Rio foi de uma cidade costeira para a capital de um império”.

O documento nota que o principal desafio para a realização da Olimpíada será a “situação de segurança”. Segundo o despacho, Vera chegou a admitir que os terroristas poderiam ter o Brasil como alvo por causa dos jogos, “uma declaração bastante pouco usual, de um governo que oficialmente acredita que o terrorismo não existe no Brasil”.

É citado ainda no texto o “Plano de Pacificação de Favelas”, que buscaria a “pacificação” de cem comunidades até 2016. Comenta ainda uma “abordagem típica brasileira”, de “deixar detalhes para o último minuto”, o que poderia ser um problema nos Jogos Olímpicos. O documento nota ainda que o evento é uma oportunidade para que empresas e o governo dos EUA estreitem a cooperação com o Brasil em áreas como segurança e intercâmbio de informações.

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