Venezuela proíbe jornal de publicar fotos de violência

Um tribunal venezuelano proibiu o jornal El Nacional de publicar fotografias que mostrem violência ou sangue. Hoje, a publicação, uma das mais importantes do país, deixou espaços em branco onde as fotografias seriam inseridas, com a palavra “censurado” escrita na diagonal, em vermelho.

“Se houvesse uma foto aqui você veria um pai chorando por um filho que ele não tem mais”, lê-se na legenda de um grande espaço em branco da primeira página do diário, que está entre os mais críticos ao presidente Hugo Chávez.

A ordem do tribunal foi anunciada na noite de ontem depois de o El Nacional ter publicado, na primeira página da edição de sexta-feira, 13, uma fotografia tirada no interior do necrotério de Caracas que mostrava doze corpos manchados de sangue, empilhados descuidadamente em macas. A fotografia ilustrava uma matéria sobre o aumento da violência na Venezuela, cuja capital tem agora um dos mais altos índices de assassinatos do mundo.

O escritório da Procuradoria Geral informou que a publicação da foto parece ter infringido uma lei que diz que os jornais e outros meios de comunicação devem participar da promoção de uma ambiente “sadio” para as crianças.

A oposição diz que o caso do El Nacional é mais uma medida contra a liberdade de imprensa tomada por Chávez, que está no poder há 11 anos. Durante o período, ele fechou dezenas de emissoras de rádio, televisão e outros meios de comunicação que se opunham ao governo.

Eleições

A proibição ocorre antes da realização de importantes eleições para o Congresso, marcadas para o próximo mês. Um importante tópico da campanha eleitoral tem sido a explosão dos casos de crimes violentos durante o governo Chávez, cujo partido socialista detém a maioria dos assentos no Parlamento.

O governo Chávez rejeita as afirmações da oposição e diz que o uso da fotografia pelo El Nacional foi uma tática para assustar os eleitores e fazê-los votar contra o partido governante. O governo diz que as estatísticas da oposição sobre o aumento da criminalidade são infladas.

O jornal é vendido em todo o país e pode ser facilmente visto por crianças. Outras publicações de oposição saíram em defesa da decisão do El Nacional de mostrar a imagem, e alguns a reproduziram como forma de solidariedade. Os promotores disseram que estudam a imposição da regra a mais jornais. As informações são da Dow Jones.