União Africana prorroga permanência de tropa na Somália

A União Africana (UA) manterá sua força de mantenedores de paz na Somália por mais dois meses, disse nesta terça-feira (23) à noite o ministro de Relações Exteriores da Zâmbia, Kabinga Pande. O chanceler disse que Nigéria, Burundi e Uganda enviarão 850 soldados cada para fortalecer a força da UA no país, que tem hoje em torno de 4.300 membros. Porém, o envio de mais soldados só deve ocorrer após a retirada das tropas etíopes, no fim do ano.

A UA, com 53 membros, possui um mandato para enviar até 8 mil soldados, porém não consegue encontrar países dispostos a enviar tropas. A permissão expira em fevereiro. A atual força é limitada a guardar o porto, o principal aeroporto e as instalações do governo, todos em Mogadiscio. Na capital somali há confrontos diários entre os insurgentes islâmicos e forças pró-governo, mal pagas e indisciplinadas. O Departamento de Estado dos Estados Unidos sustenta que alguns dos líderes islâmicos possuem vínculos com a Al-Qaeda.

As tropas etíopes entraram inicialmente na Somália em dezembro de 2006, para apoiar o governo de transição do país. Eles retiraram os islamitas do poder, porém estes lançaram uma insurgência no estilo da iraquiana no ano seguinte. O governo somali, enfraquecido pela corrupção e por disputas internas, não consegue dar segurança ao país nem fornecer os serviços sociais básicos à população.

Nos últimos meses, diferentes forças islamitas tomaram controle de grande parte do sul e centro da Somália. O governo apoiado pela ONU é ocupado por diferentes facções. Ambos os lados estão divididos sobre um acordo de paz firmado neste ano, entre o governo e alguns elementos dos islamitas.

A UA afirma que imporá sanções aos funcionários do governo que atrapalham o processo de paz, porém não identificou nenhum deles. Isso também contrasta a ação rápida da comunidade internacional para combater a pirataria nas instáveis águas somalis com a relutante resposta para assegurar a segurança da população em terra.

Mais de 40 embarcações foram seqüestradas na costa somali neste ano, na última manifestação do descontrole que tirou a vida de milhares de somalis neste ano. Há 12 navios capturados em águas somalis no momento. Países tão diversos como Grã-Bretanha, Irã, Estados Unidos, China, França e Alemanha enviaram forças navais para patrulhar a costa somali.

Porém, a UA disse que é difícil encontrar países dispostos a ajudar com as patrulhas em terra. A metade da Somália é dependente de ajuda e uma geração cresceu sem um governo de fato. A última vez que o país teve um governo funcional foi em 1991, quando senhores da guerra derrubaram o ditador Mohammed Siad Barre e então começaram a disputar poder entre eles.

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