Turquia vê ‘situação absurda’ na recusa a acordo nuclear

O governo turco qualificou hoje como uma “situação absurda” o fato de as potências rejeitarem um acordo nuclear firmado entre Brasil, Turquia e Irã, relativo ao programa nuclear do país persa. A administração turca criticou o fato de os Estados Unidos pressionarem por mais sanções contra Teerã, logo após os três países anunciarem o acordo, na semana passada.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Turquia reconheceu que o acordo não é uma solução completa para o impasse nuclear iraniano, mas “é um passo adiante para se resolver o tema da troca (de combustível nuclear), que é um dos elementos importantes” dessa questão. “É verdade que o copo está meio vazio, mas nós dizemos que mais ações devem ser tomadas agora para enchê-lo”, acrescentou. “Não é razoável rejeitar o acordo argumentando que o copo está meio vazio.”

O porta-voz criticou a posição de Washington, que submeteu um rascunho com um quarto pacote de sanções ao Irã no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) logo após o anúncio do acordo. “Submeter o documento um dia após o acordo ser alcançado significa que você prefere não olhar para certos desdobramentos. Isso leva a uma situação absurda”, afirmou ele.

Negociações

Pelo acordo, Teerã enviará 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido à Turquia. Meses depois, receberá combustível para seu reator de pesquisas em Teerã. Na última segunda-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou ter recebido uma notificação sobre esse acordo. A Turquia e o Brasil são membros não permanentes do CS e não apoiam novas sanções ao Irã. “Nós acreditamos que um espaço foi encontrado para se dar uma chance para negociações”, disse o porta-voz.

Também hoje, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse que “não há 100% de garantias” de que o Irã cumprirá o acordo tripartite. Caso esse pacto seja cumprido, porém, Lavrov disse que a Rússia irá “apoiar ativamente o esquema proposto por Brasil e Turquia”. No entanto, Lavrov não falou sobre como a Rússia pode atuar no CS no caso iraniano. Moscou é um dos membros permanentes do Conselho de Segurança, com poder de veto, ao lado de EUA, China, Grã-Bretanha e França. As informações são da Dow Jones.