Turquia julga 86 acusados de conspirar contra governo

O julgamento de 86 pessoas acusadas de conspirar para derrubar o governo turco de orientação islâmica começou de modo caótico nesta segunda-feira (20). Os réus e advogados reclamaram que não conseguiam ouvir o que se passava, em uma superlotada sala de audiências. O juiz Koksal Sengun pediu aos espectadores que esvaziassem a sala e adiou os procedimentos para a tarde. Entre os réus estão um general da reserva, o líder de um pequeno partido nacionalista de esquerda, um editor de jornal, um famoso escritor e um ex-reitor de uma universidade.

Vários são acusados de pertencer a uma rede nacionalista chamada Ergenekon. Esse nome alude a um lendário vale na Ásia Central, considerado a terra ancestral dos turcos. Outros dos réus são suspeitos de planejar um levante armado. O julgamento ocorre em um complexo prisional em Silivri, nas proximidades de Istambul. A corte pode acomodar 280 pessoas, mas o processo de credenciamento parecia ter falhado. A corte decidiria durante a tarde como lidar com a situação.

Centenas de pessoas se concentraram perto da corte, em apoio aos réus. Muitos portavam bandeiras turcas e imagens dos suspeitos. Vários dos suspeitos são conhecidos como fortes opositores do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan. Eles organizaram protestos contra o governo, dos quais participaram centenas de milhares de turcos seculares. A oposição afirma que o inquérito é um ato de vingança política da sigla governista, Partido da Justiça e Desenvolvimento (AK), contra a oposição secular. O AK, islâmico moderado, é acusado de tentar aumentar o papel do Islã na Turquia, um Estado laico.