Toque de recolher é imposto na Tunísia após confrontos

O Ministério do Interior da Tunísia informou que um toque de recolher será imposto nesta sexta-feira na cidade de Sidi Bouzid, região central do país, por causa dos confrontos ocorridos na noite de quinta-feira. “O toque de recolher vai vigorar a partir das 19h (16h em Brasília) até 5h de amanhã será mantido toda noite até segunda ordem”, disse o porta-voz do Ministério, Hichem Meddeb.

Rached Ghannouchi, líder do partido islâmico Ennahda (Renascença), que venceu as eleições realizadas no último final de semana, pediu calma na cidade de Sidi Bouzid, berço da revolução no país, após confrontos ocorridos durante a noite. “Nós pedimos calma e a preservação da propriedade pública”, disse Ghannouchi, depois que uma multidão de jovens ter marchado pelo centro da cidade e saqueado prédios públicos em Sidi Bouzid, após o anúncio dos resultados eleitorais na quinta-feira.

Sidi Bouzid tem um caráter simbólico, pois foi o local onde o vendedor de vegetais ateou fogo ao próprio corpo, um ato de protesto que se espalhou por todo o país e levou à realização de levantes em vários países do mundo árabe.

O comitê local do Ennahda foi um dos prédios queimados durante a manifestação. A polícia lançou gás lacrimogêneo contra a multidão de cerca de 3 mil pessoas na noite de quinta-feira. O Exército disparou tiros de advertência, segundo relatos de Mourad Barhoumi, morador da cidade. Os habitantes queimaram pneus, saquearam algumas lojas e também atearam fogo a um posto da Guarda Nacional e a um centro de treinamento.

O líder islamita disse que viu na violência “a mão do dissolvido Partido Constitucional Democrático (PCD)”, a legenda do ex-ditador Zine el-Abidine Ben Ali, que foi derrubado em janeiro após um levante popular.

Os manifestantes protestaram contra a decisão tomada contra o partido que ficou em quarto lugar no pleito, o Areedha Chaabiya (Partido da Petição Popular). Seu líder, Hachemi Hamdi, natural de Sidi Bouzid, anunciou na televisão nacional a renúncia dos 19 assentos que seu partido conquistara depois de a comissão eleitoral ter invalidado seis das listas do partido.

O Ennahda deve formar uma ampla coalizão para formar um governo que vai substituir os líderes interinos que governam a Tunísia desde que Ben Ali fugiu para a Arábia Saudita em 14 de janeiro.

Os parceiros potenciais da legenda são o Partido Congresso para a República, fundado em 2001 e que ficou em segundo lugar com 30 assentos na Assembleia constituinte, e o Partido Ettakatol, que ficou em terceiro, com 21 cadeiras.

As informações são da Dow Jones e da Associated Press.

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