Rússia detém suposto espião a serviço da Geórgia

Agentes do serviço de segurança russo detiveram um espião supostamente recrutado pela Geórgia para apoiar insurgentes no instável Cáucaso do Norte, informaram nesta sexta-feira (16) agências de notícias. O fato tem potencial para aumentar ainda mais a tensão entre as ex-repúblicas soviéticas. Um funcionário georgiano negou o envolvimento do país. O anúncio foi qualificado por ele como parte da "política de provocação" voltada para a Geórgia – foco de uma disputa por influência regional entre Moscou e o Ocidente.

As relações entre a Rússia e a Geórgia ficam cada vez piores à medida que o pequeno país aliado dos Estados Unidos se aproxima do Ocidente. As tensões aumentaram bastante nos últimos tempos, com o crescente apoio da Rússia à província separatista da Abkházia, o cerne dos esforços de Moscou para evitar a entrada da Geórgia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Um funcionário não identificado do Serviço de Segurança Federal da Rússia identificou o suposto espião como Ramzan Turkoshvili, um cidadão russo nascido na Geórgia. A informação foi divulgada pela agência de notícias Itar-Tass. O Serviço de Segurança Federal avaliou a detenção como uma prova do apoio georgiano aos militantes que operam no Cáucaso do Norte russo, que inclui a Chechênia, já assolada recentemente por uma guerra.

O funcionário russo disse que Turkoshvili, de 34 anos, foi recrutado por funcionários de inteligência da Geórgia trabalhando para Zelimkhan Khangashvili, um suposto líder militante refugiado em Pankisi Gorge, na Geórgia, perto da fronteira com a Chechênia, segundo a Itar-Tass.

Ainda segundo o russo, Turkoshvili estaria envolvido em um ataque em 2004 na província russa da Ingushetia em que quase cem pessoas morreram, entre elas muitos policiais. O funcionário de inteligência russo ainda acusou os serviços secretos da Geórgia de pagar para Turkoshvili manter contatos com militantes no Cáucaso do Norte e ajudar a Geórgia a financiá-los.

Segundo a agência Interfax, que também cita um funcionário de inteligência russo não identificado, o caso confirma que o serviço de segurança da Geórgia estava "participando de atividades terroristas de ruptura no Cáucaso do Norte". O porta-voz do Ministério de Interior da Geórgia, Shota Utiavishvili, negou a acusação de espionagem. Ele denominou o caso como "uma continuação da política russa de provocação em relação à Geórgia, que tomou uma forma particularmente aguda recentemente".

As relações entre a Geórgia e a Rússia estão estremecidas desde a eleição, em 2004, do presidente georgiano pró-Ocidente Mikhail Saakashvili. Ele busca reduzir a influência de Moscou e estreitar os laços com os Estados Unidos e a União Européia. A tensão cresceu nos últimos meses com a demanda de Saakashvili para que a Geórgia ingresse na Otan. Moscou se opõe à medida, considerada pelos russos uma ameaça.

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