Reunião do G-8 termina em mal-estar com emergentes

Os países ricos não se entendem nem sobre como lidar com a fome no mundo nem com a posição dos países emergentes. Ontem, a primeira reunião entre ministros da Agricultura da história do G-8 (grupo formato pelos sete países mais industrializados do mundo e a Rússia) com as economias emergentes, entre elas o Brasil, terminou em fiasco e mal-estar.

Depois de horas negociando uma nova estratégia para lidar com o setor agrícola no planeta, a declaração final do G-8 que será apresentada hoje exclui a posição dos emergentes. Mesmo assim, a estratégia não passa de uma lista de boas intenções, sem compromisso dos governos dos países ricos.

A posição de cada país emergente será apenas citada em um resumo feito pelos italianos, que organizam o evento em Treviso. Segundo diplomatas de países emergentes, o fiasco é uma demonstração da crise de identidade que vive o G-8 depois do surgimento do G-20 e do fortalecimento dos emergentes. Diante da recessão internacional, ficou claro que o novo bloco está ganhando força. Mas os países ricos insistem em manter os encontros do G-8, apesar das acusações de que já está ultrapassado. Para tentar dar um sinal de abertura, a Itália, que preside o grupo, convidou os países emergentes para a reunião. Eles só não sabiam que suas posições ficariam de fora do texto final.

Um negociador revelou que o presidente da conferência, o ministro da Agricultura da Itália, Luca Zaia, nem sequer deu um motivo para a exclusão dos emergentes da declaração. O Brasil não escondeu sua irritação com o processo e o resultado do encontro. Além dos países do G-8 e do Brasil, também foram convidados para o encontro – que prometeu diálogo real entre emergentes e ricos, a China, a India, o México, a Argentina, o Egito e a África do Sul. “Não sabem ainda o que fazer com nossas posições”, disse um negociador sul-americano. A declaração será anunciada hoje.

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