Resgate dos mineiros é semelhante a tragédia dos Andes, diz sobrevivente

Sobreviventes da tragédia dos Andes destacaram as coincidências da experiência que tiveram em 1972 com a dos 33 trabalhadores que estão sendo resgatados na mina San José, no norte do Chile, após mais de dois meses bloqueados sob a terra.

“É incrível que resgatem eles em um 13 de outubro, o mesmo dia que nós, há 38 anos, nos acidentamos na cordilheira dos Andes”, declarou ao jornal El País Gustavo Zerbino, enquanto acompanhava pela televisão as operações de retirada dos homens.

Zerbino foi um dos 16 jovens uruguaios encontrados com vida após a queda do avião militar que levava 45 passageiros, familiares e integrantes de uma equipe de rúgbi que disputaria uma partida no Chile.

Ao impacto sobreviveram a maioria dos ocupantes, mas por causa da altura, do frio, da falta de alimentos e de uma avalanche somente 16 resistiram depois de 72 dias perdidos nas montanhas. Eles foram obrigados a se alimentar dos companheiros mortos, e a história ficou conhecida mundialmente com o filme “Vivos”, de 1993.

Para Zerbino, é “impossível” não associar a vivência com a dos mineiros. “Estou seguindo tudo pela televisão e sinto uma alegria imensa de ver todo o trabalho que estão fazendo no Chile. Me emociona pensar no momento em que esses homens se encontrarão com suas famílias”, afirmou.

O uruguaio fez parte do grupo de quatro sobreviventes da tragédia dos Andes que visitaram Copiapó no início do mês passado para prestar apoio aos operários bloqueados e a seus parentes, instalados no acampamento Esperança, nas proximidades da mina San José.

Zerbino afirmou que entre os dois episódios há “muitas coincidências”, mas também “diferenças”. “Eles tiveram contato com a civilização, e nós nunca tivemos um ponto de referência sobre o que acontecia. Tiveram comida, medicamentos”, explicou.

Para o uruguaio, será “difícil” para os mineiros assimilar as mudanças que ocorrerão em suas vidas, mas as pessoas têm “uma grande capacidade de adaptação”. “Estou certo de que eles vão saber converter esse problema em uma oportunidade, como nós fizemos”, completou.

O resgate dos 33 trabalhadores é a maior operação do tipo já realizada em minas. Por enquanto, 12 homens foram retirados do refúgio onde se encontravam desde 5 de agosto, a cerca de 700 metros de profundidade. O primeiro a voltar à superfície foi Florencio Ávalos, após a meia-noite de ontem.