Rebeldes sequestram funcionários de ONG em Darfur

Homens armados sequestraram três funcionários humanitários estrangeiros da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) e dois guardas sudaneses em Darfur, no Sudão, afirmaram nesta quinta-feira (12) funcionários locais. O caso ocorre uma semana após o país ordenar a expulsão de grupos humanitários internacionais, em resposta a um mandado de prisão contra o presidente sudanês, Omar al-Bashir. Os sequestros ocorreram na noite de quarta-feira (11) em uma área rural, a cerca de 200 quilômetros a oeste da cidade de El Fasher, disse Noureddine Mezni, um porta-voz dos mantenedores de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) em Cartum.

Mezni afirmou que os sequestrados faziam parte do braço belga do MSF e que eles foram levados de seus escritórios na área de Saraf Umra. Os guardas sudaneses foram depois liberados. A área é controlada pelo governo, mas milícias árabes são sediadas ali. Uma porta-voz do grupo, Susan Sandars, disse de Nairóbi, no Quênia, que “homens armados entraram no local na última noite, tomando três funcionários internacionais e dois sudaneses, que foram depois liberados”. Os ainda raptados são um médico italiano, uma enfermeira canadense e um coordenador francês. Segundo a porta-voz, não há informações sobre o paradeiro nem sobre o motivo do sequestro.

O governo sudanês expulsou 13 grupos humanitários, incluindo os braços franceses e holandeses do MSF, em resposta ao mandado de prisão contra o presidente al-Bashir decretada pela Corte Criminal Internacional, sob acusação de crimes de guerra e contra a humanidade em Darfur. Muitos temem que o mandado possa tornar a comunidade estrangeira na região alvo de ataques e vinganças. O braço belga do MSF, além das seções suíça e espanhola, não foram afetados pela ordem de expulsão e permaneceram na instável região.

A Corte Criminal Internacional acusa al-Bashir de orquestrar atrocidades contra civis em Darfur, onde o governo liderado pelos árabes confronta rebeldes africanos étnicos desde 2003. A violência já deixou aproximadamente 300 mil mortos e forçou 2,7 milhões de pessoas a deixar suas casas. Funcionários humanitários ou comboios são frequentemente atacados em Darfur por grupos armados das várias forças na região. Os trabalhadores humanitários em geral são liberados após o roubo de equipamentos, mas alguns já foram mortos.