Presidente da França pode boicotar abertura dos Jogos de Pequim

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, só assistirá à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 8 de agosto, se forem atendidas "três condições indispensáveis", disse, neste sábado, a secretária de Estado de Direitos Humanos francesa, Rama Yade.

Em declarações ao jornal Le Monde, Yade enumerou as reivindicações do presidente francês: "o fim da violência contra a população e a libertação dos prisioneiros políticos", "o fim da censura sobre os eventos tibetanos" e "a abertura de diálogo com o dalai-lama".

Segundo Yade, Sarkozy se expressará após consultar seus parceiros europeus, já que no segundo semestre "falará como presidente em exercício da União Européia". Perguntada se Sarkozy poderia boicotar a cerimônia de abertura dos Jogos, a secretária apenas respondeu que o presidente tomará sua decisão "em função da evolução dos eventos".

O dalai-lama, líder do budismo tibetano e Prêmio Nobel da Paz, que vive exilado na Índia desde 1959, é considerado pela China o principal causador dos distúrbios ocorridos no Tibete no mês passado.

"Pedimos que a China trave um diálogo realmente construtivo com o dalai-lama", explicou Yade, para quem as conversas devem focar "o reconhecimento da autonomia tibetana e da identidade espiritual, religiosa e cultural dos tibetanos".

Yade também exigiu a libertação imediata de Hu Jia, o ativista chinês condenado nesta semana a três anos e meio de prisão, sentença considerada "uma verdadeira decepção" pela secretária francesa.

No fim do mês passado, Sarkozy já havia insinuado a possibilidade de não participar da cerimônia de abertura dos Jogos. "Em função da situação no Tibete, não decidi se vou à cerimônia", declarou, em Londres. Segundo uma pesquisa da empresa CSA, publicada neste sábado pelo jornal Libération, 62% dos franceses são favoráveis ao boicote à cerimônia de abertura.

Decisão pessoal – Questionado sobre as ameaças do presidente francês, o porta-voz do Comitê Organizador do Jogos, Sun Weide, respondeu que "a decisão de Sarkozy é algo pessoal". "De nossa parte, vamos fazer todo o possível para que a Olimpíada de Pequim seja um exemplo de paz e amizade", afirmou.

Voltar ao topo