Presidente argentina nega reforma para terceiro mandato

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, inaugurou hoje o ano legislativo do Congresso e desmentiu que tenha intenção de promover uma reforma constitucional para lhe permitir a disputa de um terceiro mandato em 2015. “Se eu não consegui fazer com que aprovassem o Orçamento, se sou a primeira presidente à qual não lhe aprovaram o Orçamento, alguém pode me explicar como vou conseguir uma reforma constitucional?”, disse, em tom de ironia.

Cristina aproveitou para semear dúvidas sobre sua candidatura ao segundo mandato em outubro próximo. “Alguém me escutou dizer que vou ser candidata à reeleição em 2011?”, indagou. Ontem, a deputada Diana Conti disse que existe uma articulação do grupo “Ultra K” (linha fiel ao governo) para que Cristina seja “eterna” no poder. Segundo Diana, o plano é reformar a Constituição para permitir a disputa de um terceiro mandato consecutivo, caso Cristina seja reeleita em outubro próximo.

Em seu discurso de abertura das sessões no Congresso, Cristina afirmou que todas estas versões são “rolos de campanha” dos candidatos. A presidente anunciou a colocação de mais policiais nas ruas e pediu que a questão da segurança pública não seja “ideologizada”. Com o aumento da criminalidade no país, o assunto entrou na agenda da campanha política com trocas públicas de acusações sobre a responsabilidade pela violência.

No discurso em defesa de sua administração, Cristina pediu aos sindicatos que “não tomem os usuários (de serviços públicos) como reféns” de suas greves e sugeriu a eles que busquem outras formas de protestos. “Criticamos práticas monopolistas dos setores empresariais, mas digo a todos os sindicatos que não utilizem a mesma lógica que criticamos em outros, porque eu quero continuar sendo companheira dos sindicatos”, afirmou Cristina, em um claro recado de que em ano de campanha eleitoral o governo poderia ser mais duro com as greves que prejudicam a população e algumas empresas, das quais a Casa Rosada quer se aproximar.

Ela também criticou os setores da economia que “empurram a moeda para desvalorizações que servem somente aos seus interesses”. Depois de opinar que a cotação do câmbio (hoje em 4,060 pesos por US$ 1) é um dos pilares do modelo econômico e de defender a política de “flutuação administrada” da moeda, a presidente disse que não vai se submeter “a nenhum tipo de pressão que distorça o modelo”.

A presidente recordou quando o marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, que morreu em outubro, lhe entregou a faixa presidencial no mesmo plenário e repassou a evolução dos indicadores econômicos do país durante seu mandato. Cristina enfatizou a redução da dívida em relação ao PIB e o aumento das reservas internacionais. Também pediu ao mercado para “reorientar o crédito para sustentar os investimentos”.

Cristina fez um enfático pedido aos parlamentares para que aprovem uma lei contra lavagem de dinheiro para evitar que o país sofra uma condenação internacional sobre o assunto. A Argentina é integrante do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), mas tem sido objeto de várias críticas do organismo por causa das falhas em algumas de suas leis, que dificultam o combate à lavagem de dinheiro.

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