Premiê grego pede ação decisiva da UE sobre crise

Atenas, 16 (AE) – O primeiro-ministro da Grécia, Georges Papandreou, pediu que a União Europeia (UE) resolva a crise de dívida que golpeia a Grécia e a zona do euro “coletivamente e de forma decisiva”, segundo entrevista concedida ao jornal semanal grego Proto Thema. “Chegou a hora de agir coletivamente e decisivamente”, afirmou Papandreou. “Estou convencido de que a UE pode e o fará, de modo que possamos levar com segurança a Grécia e a Europa para fora da crise.”

A Europa prometeu aos membros do G-20 no sábado que a zona do euro apresentará um plano abrangente para solucionar a crise de dívida ainda no próximo fim de semana, na cúpula de líderes da UE, em Bruxelas.

Antes da cúpula, o governo grego deve votar em 20 de outubro um novo conjunto de medidas de austeridade exigido pela UE e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). “Nossa luta é garantir que a Grécia não deixe o euro e proteger os interesses da esmagadora maioria dos cidadãos, para a qual seria uma verdadeira catástrofe se o país declarasse um default”, afirmou Papandreou.

Um artigo publicado neste domingo pela ministra da educação Anna Diamantopoulou, pelo ministro de transportes Giannis Ragkoussis e pelo ministro da saúde Andreas Loverdos pediu aos membros do Partido Socialista, conhecido como Pasok, que deem apoio às medidas de austeridade e ajudem o primeiro-ministro Papandreou, “que vai negociar uma solução final e definitiva para nosso país como parte da União Europeia”.

O ministro de finanças grego, Evangelos Venizelos, agradeceu o apoio dos colegas. Ele chamou a manifestação dos outros ministros de um sinal muito bom para a semana, “durante a qual muita coisa será decidida, talvez tudo”. O parlamento grego deve votar as pesadas medidas de austeridade para 2011 e 2012 na quinta-feira, um pré-requisito para receber a próxima parcela do pacote de ajuda de 110 bilhões de euros concedido no ano passado. Sem a tranche de 8 bilhões de euros, o governo diz que ficará sem dinheiro em meados de novembro.

Europa – O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, afirmou hoje que a Europa precisará mudar seu tratado no futuro, de modo que as decisões possam ser impostas aos governos da zona do euro. “O tratado deve ser mudado para impedir que um membro da zona do euro se perca e crie problemas para todos os outros”, informou ele à estação de rádio francesa Europe 1 após uma reunião de ministros de Finanças e representantes dos bancos centrais das 20 maiores economias do mundo (G-20). “Para isso, é necessário, inclusive, que se possa impor decisões.”

Trichet, cujo mandato de oito anos à frente do BCE terminará em 31 de outubro, disse que o atual processo de sanções e recomendações para os países da zona do euro não é suficiente.

O G-20 informou em um comunicado divulgado ontem, no fim de uma reunião de dois dias, que aguarda um plano abrangente prometido pela zona do euro para sanar sua crise de dívida soberana que já dura dois anos, incluindo uma solução aos problemas gregos, a recapitalização dos bancos e o fortalecimento do fundo de resgate de 440 bilhões de euros.

Segundo o presidente do BCE, a Europa se tornou a linha de frente da defesa contra a desaceleração do crescimento econômico. As decisões que os governos precisarão tomar como parte do abrangente pacote são “muito difíceis”, mas Trichet espera que eles “mostrem determinação” quando a UE apresentar seu plano à cúpula de chefes de Estado do G-20, em Cannes, no começo de novembro.

“A situação é claramente muito exigente, particularmente para os europeus”, disse ele. “O epicentro foi nos Estados Unidos depois da crise hipotecária e do colapso do Lehman Brothers. Hoje, a crise atinge mais países, com o epicentro na Europa.”

Embora dados recentes para os nove primeiros meses do ano mostrem que provavelmente haverá crescimento, os europeus devem estar prontos para qualquer coisa, alertou Trichet. “Do ponto de vista do crescimento, a situação nos obriga a estar prontos para todos os eventos.” Todos os países da zona do euro, sem exceção, devem estar “extremamente vigilantes e cautelosos.”

Trichet afirmou, também, que todos os países da zona do euro devem ser vigilantes e acrescentou que a Europa se tornou o epicentro de uma desaceleração global do crescimento econômico. “O mundo tem os olhos fixados na Europa”, disse. Os bancos europeus precisam estar o mais sólido possível, informou Trichet. Ainda assim, o presidente do BCE disse que o euro e a zona do euro não estão sob ameaça. As informações são da Dow Jones.

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