Pelo menos 19 são mortos na Síria no 1º dia do Ramadã

Tropas sírias avançaram sobre a cidade de Hama neste terça-feira, tomando novas posições numa área residencial, um dias depois de as forças do governo terem matado pelo menos 19 pessoas em todo o país no primeiro dia do mês sagrado muçulmano do Ramadã, afirmaram ativistas. Há divergência sobre o número de mortos, que poderia ter chegado a 25.

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado em Londres, a maioria das mortes de segunda-feira aconteceu em Hama, na região central do país, que tem sido o alvo de uma pesada operação militar desde domingo.

O derramamento de sangue deu início a uma nova onda de pressão internacional. Nesta terça-feira, a Itália convocou seu embaixador em Damasco citando a “terrível repressão” aos cidadãos.

O chefe do Estado-Maior conjunto dos Estado Unidos, almirante Mike Mullen, disse que Washington quer pressionar o regime sírio tanto política quanto diplomaticamente. Mas, quando perguntado sobre as perspectiva de envolvimento na Síria, ele disse que “não há qualquer indicação de que nos envolveremos diretamente nisso”.

O ativista Omar Hamawi, que está em Hama, disse à Associated Press que as tropas avançaram cerca de 700 metros a partir da entrada oeste da cidade durante a noite, tomando posições nas proximidades de casas e edifícios na área conhecida como praça Kazo. Segundo ele, a força é constituída de oito tanques e vários veículos blindados.

Hamawi, que falou pelo telefone, disse também que as tropas receberam reforço do lado leste da cidade, onde fica a Prisão Central de Hama, que está superlotada. Segundo ele, moradores viram fumaça saindo da prisão durante a noite e ouviram tiros esporádicos dentro do local, o que levou alguns a acreditar que uma rebelião esteja acontecendo no presídio. Mas Hamawi afirmou que é impossível saber exatamente o que ocorre na prisão ou se há vítimas dentro da instalação.

O ativista disse também que partes de Hama foram atingidas na manhã desta terça-feira por fortes disparos após bombardeios esporádicos durante a noite. Segundo ele, uma bomba atingiu uma instalação perto do Palácio da Justiça, no centro da cidade, provocando um grande incêndio que destruiu a maior parte do prédio, que abriga vários tribunais.

A atual repressão parece ter como objetivo evitar que os protestos aumentem durante o Ramadã, quando muçulmanos se reúnem nas mesquitas para orações especiais noturnas após quebrarem o jejum que vai do amanhecer até o pôr-do-sol. Essas reuniões podem se transformar em grandes protestos em todo o país.

Cerca de 1.700 civis foram mortos desde que os protestos, em sua maioria pacíficos, contra o governo do presidente Bashar Assad tiveram início em meados de março, segundo ativistas. As informações são da Associated Press.

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