Partido que governou o México por mais de 70 anos volta

O PRI (Partido Revolucionário Institucional), que governou o México por mais de sete décadas (1929-2000), deve voltar ao poder com a eleição hoje de Enrique Peña Nieto, ex-governador do Estado do México.

Nas últimas semanas, Peña Nieto sofreu pressão de diferentes lados. A oposição apresentou denúncias de que havia financiado sua campanha de forma ilegal. O movimento estudantil “Yo Soy 132” fez intensa campanha contra sua candidatura, chegando a queimar bonecos com sua imagem e caminhar pelas ruas da Cidade do México com um caixão com sua foto.

Por fim, o candidato da esquerda, Andrés Manuel López Obrador (PRD) galgou a segunda colocação nas pesquisas, derrubando a candidata da situação, Josefina Vázquez Mota (PAN).

Segundo a pesquisa mais recente, do jornal “El Universal”, Peña Nieto mantém a primeira colocação, com 45%. López Obrador aparece com 27,9%, e Vázquez Mota, com 24,4%. A esquerda joga suas fichas num maior comparecimento das pessoas às urnas. O México tem quase 79 milhões de eleitores, mas apenas entre 45% e 50% deste total votam.

López Obrador tenta recuperar seu prestígio depois de seu comportamento, em 2006, ter sido rechaçado por parte da sociedade. Ao não aceitar a derrota nas urnas, por uma quantidade mínima de votos, para Felipe Calderón (PAN), López Obrador acampou no Zócalo (principal praça da cidade).

Neste ano, voltou com a tentativa de suavizar a imagem de radical, pregando uma “república amorosa”.

Para o sociólogo Roger Bartra, três fatores explicam a volta do partido nascido no período pós-Revolução de 1910. Em primeiro lugar, uma decepção com o PAN, do atual presidente Felipe Calderón, que trava uma violenta guerra ao narcotráfico. “É um saldo de 50 mil mortos, sem uma resolução do problema, que está pior.”

Em segundo, está o fato de a Televisa, maior conglomerado de televisão do país, ter dado muita visibilidade ao candidato. “Ele é muito midiático, tem pinta de galã, e o aspecto hollywoodiano aqui neste país não é menor.”

Por último, vem a influência dos 20 governadores de províncias do PRI. “Eles têm influência sobre uma juventude que não experimentou o autoritarismo do partido e não imagina o que virá.

Já o ensaísta Paco Ignacio Taibo acha que os mexicanos têm a sensação de que o PRI lidava melhor com o narcotráfico e por isso ganha espaço agora. “Há uma sensação de que vivíamos de modo mais harmônico, mas é equivocada, os problemas do PAN hoje já estavam aí antes”, diz.

A votação de hoje define também a renovação total do Congresso, elegendo 128 senadores e 500 deputados.