Para Uruguai, retenção de exportações da Argentina viola Mercosul

As retenções aplicadas pela Argentina às exportações e que desencadearam um conflito com os produtores rurais do país, violam o Mercosul e são negativas para o Uruguai, dizem especialistas locais.

O chefe da Assessoria Macroeconômica do Ministério da Economia, Fernando Lorenzo, assegurou em uma conferência acadêmica que a aplicação dessa política "viola o Mercosul" e é "prejudicial aos países que têm uma oferta similar" à da Argentina. Para ele, as medidas do governo argentino "só provocam danos" ao Uruguai, e "seu aumento geraria cada vez mais prejuízo".

Apesar de os bloqueios de estradas iniciados há duas semanas por produtores rurais argentinos não terem afetado o Uruguai, teme-se que nos próximos dias comecem a escassear derivados do leite, óleos, ervilhas, pêssegos e creme de milho importados da Argentina, disseram fontes comerciais ao jornal El País.

Os transportadores de carga uruguaios têm sido afetados pelos protestos, e perdem entre US$ 300 e US$ 400 ao dia, por caminhão, devido aos piquetes nas estradas. O secretário da Intersindical de Transportadores de Carga, Jorge Lepera, disse à imprensa local que cerca de 500 caminhões uruguaios, vindos do Chile, Paraguai e Buenos Aires, esperam até 48 horas do lado argentino.

A situação é "incômoda" e "gera uma defasagem em todo o trânsito, mas, a partir do Uruguai podemos fazer muito pouco, são conflitos muito generalizados dentro do território argentino", acrescentou. A Associação Rural (ARU) e a Federação Rural do Uruguai manifestaram apoio à mobilização do setor agrário argentino. O presidente da ARU, Guzmán Tellechea, disse nesta quinta-feira (27) ao jornal Ultimas Noticias que o governo argentino "se meteu em uma situação difícil" e que a situação no país vizinho "é muito complicada pela falta de diálogo".

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