Órgãos internacionais tentam salvar diálogo na Bolívia

Observadores internacionais tentavam nesta sexta-feira (3) salvar as negociações para encerrar a crise política na Bolívia. As conversas estavam ameaçadas pela saída dos opositores, que acusam o presidente Evo Morales de violar compromissos prévios. O governador de Beni, Ernesto Suárez, reconheceu que as negociações estavam suspensas, porém não encerradas. Suárez antecipou que os governadores opositores se reunirão durante a jornada “com os organismos internacionais”, que buscam encerrar o impasse.

As negociações começaram há duas semanas, com a participação de delegados da Organização dos Estados Americanos (OEA), da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e da União Européia. Violentos protestos em setembro em quatro departamentos (Estados) deixaram 15 mortos em Pando, a maioria campesinos partidários de Morales.

O governo deteve dois ativistas da oposição, acusando-os de participar de um ataque com dinamites a um gasoduto, que causou a redução por algumas horas da quantidade de gás enviada ao Brasil. Após as prisões, a oposição se retirou da mesa de negociações. Os opositores argumentam que o governo havia prometido não realizar uma “perseguição política” após os protestos. Porém o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, disse que “não se pode negociar as mortes nem os ataques terroristas”.

Uma reunião estava prevista para o domingo (5), com a presença de Morales e dos governadores, para firmar um acordo. Após as prisões, porém, a iniciativa ficou em suspenso. Morales declarou que estará presente, mas a oposição pode não aparecer.

As negociações tratam de um projeto de Constituição apoiado por Morales, que inclui a reeleição presidencial, e da demanda por mais autonomia, impulsionada por quatro departamentos liderados por governadores que fazem oposição ao governo central. A oposição rechaça a Carta e o governo rejeita os planos de autonomia.